A Resende da segunda
metade do Século XIX.
Julio Cesar Fidelis Soares[1]
Nos
idos da década de 1870 segundo o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial
Laemmert o município de Resende era importante e estava ávido a receber as
benesses do progresso pois tinha uma população de 25.000 habitantes divididos
por suas freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre, São Jose do
Campo Bello, Senhor Bom Jesus do Ribeirão de Sant`Anna, Santo Antonio da Vargem
Grande e São Vicente Ferrer. O almanaque
ainda nos dá algumas características das terras resendense:
“Sobre
um terreno notavelmente accidentado, cujo solo em sua maxima parte se pode
chamar argilo-ferruginoso, o município de Rezende produz o melhor café ,
excellente canna de assuçar, cereaes e legumes de toda espécie. Nas planuras do Itatiaya abundão as pastagens
nativas, offerecendo assim recurso naturaes para a criação de toda espécie de
gado; algumas fructas da Europa como maçã , o marmelo [...] .”[2]
É importante destacarmos também que em outro
trecho do mesmo almanaque ele nos traz notícia do plantio de parreiras cuja
produção de uvas era abundante, e que houve algumas tentativas de produção de
vinho, que se assemelhava ao do Rheno só que muito mais aromático segundo os
editores do almanaque.
Do
núcleo urbano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, esta era vista em
destaque por suas três colinas, cada uma com o seu templo a Matriz, Rosário e
Senhor dos Passos. À margem esquerda do Rio Paraíba do Sul e em frente ao
núcleo urbano encontra-se o bairro de Campos Elíseos que se ligava à cidade por
uma ponte de madeira, neste bairro estava também localizada a estação da linha
de Ferro D. Pedro II que ligava o município à corte.
Nesse período estimava-se que o número de
habitantes da freguesia da “Cidade” era de 2.400 habitantes, que residiam numas
430 casas, construídas sem muita opulência.
O interessante é que ao estudarmos estes relatos vimos que muitas casas
eram remanescentes do período inicial da constituição da Vila de N. S. da Conceição
do Campo Alegre, pois nos foi relatadas da seguinte forma pelo autor do
almanaque “[...] bem pouco sólidas, pelo
uso ainda em voga dos antigos e condemnados baldrames de madeira[...]”[3].
Os
edifícios que mais se destacavam eram a Matriz de N. S. da Conceição, o
edifício da Câmara e Cadeia e a Santa Casa da Misericórdia localizada no bairro
do Lavapés, o mais antigo bairro da cidade.
Referências Bibliográficas:
Arquivo
Público de Resende, Fundação Casa de Cultura Macedo Miranda, acervo
documentação da Câmara Municipal de Resende.
Jornal
Astro Resendense de 15 de junho de 1873.
Jornal
Astro Resendense de 13 de Outubro de 1872.
BOPP,
Itamar. Casamentos na Matriz de Resende.
Instituto Genealógico Brasileiro, 1971.
____________.
Notas Genealógicas. São Paulo: Gráfica Sangirardi, 1987.
MAIA,
João de Azevedo Carneiro. Do
descobrimento do Campo Alegre à criação da Vila de Resende. 1891.
[Reed.]1986.
____________.
Notícias históricas e estatísticas do
município de Resende desde a sua fundação. Rio de Janeiro, 1891.
PEREIRA,Waldick.
Cana, café & laranja: história
econômica de Nova Iguaçu. Rio de Janeiro: FGV/SEEC, 1977.
SODRÉ,
Alfredo. Resende, os cem anos da cidade. 1901.S.ed.
VIANA,
Oliveira. Hegemonia do Vale do Paraíba.
In: O Café no segundo centenário de sua
introdução no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1934.
V. 2.
WHATELY,
Maria Celina. O café em Resende no
século XIX. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.
_________, Maria Celina. Resende, a cultura pioneira do café no Vale do Paraíba. Niterói-RJ:
Gráfica La Salle, 2003.
ZALUAR,
Emilio. Peregrinação pela província de São Paulo, 1860-61. São Paulo, 1953.
Referências telematizadas:
Almanaque
Laemmert. 1845-1885. Brazilian
Government Document Digitization Project. Disponível em:
<www.crl.edu/content/almanak2.htm>.
[1] Professor Mestre em História Social, Economista, membro
do IEV-Lorena-SP, da Academia Resendense de História e da Academia de História
Militar Terrestre do Brasil. Professor do Centro Universitário Geraldo Di Biasi
– Volta Redonda.RJ / Professor da FAETEC –CETEP –Resende-RJ.
[2] Almanak
Laemmert, edição 1874, Município de Rezende, p.125.
[3]
Idem, Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende.
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