Refletindo sobre 1964
frente a atual realidade brasileira
Por Julio Cesar Fidelis
Soares[1]
Os anos que antecederam o golpe de Estado em 1964 no Brasil, 1930 e sua
revolução, a Intentona ou Revolta Vermelha de 1935, o Golpe de Estado de
1937,Golpe de Estado em 1945 foram todos marcados por momentos políticos
turbulentos que contribuíram para a efetivação de articulações e conspirações
que inspiraram os que tramavam a derrubada do presidente João Goulart, visto
como solução para o fim das crises econômicas, políticas e sociais que
aconteciam sucessivamente no país. Nesse período, a sociedade se dividia entre
as propostas da esquerda e da direita (tempo
perdido, o que vale e ser Brasileiro e honesto), mundo político era
dicotômico, bem e mal, pensamentos em vigor no debate político à época
principalmente nos idos de 1964. Assim, analisaremos maneira breve as
circunstâncias que forjaram um ambiente favorável a civis e militares
identificados que comungavam o interesse comum de substituição do poder vigente
através da tomada do controle do Estado brasileiro. Para tanto prezado leitor
devemos buscar o significado da palavra revolução, que segundo os cientistas
políticos não dogmáticos, pode ter dois significados: uma evolução no sistema
de produção, ou seja, uma transformação que atinge socialmente, economicamente
e politicamente a sociedade. Podemos dar como exemplo a Revolução Industrial
(Séculos XVIII, XIX, XX),hoje neste século vivemos a era pós-industrial,já
naqueles séculos que citamos ocorreram uma série de avanços nos sistemas de
produção de mercadorias com advento das máquinas e suas produções em escala. De
outro modo Revolução pode significar uma mudança radical, imediata, violenta
como a Revolução Francesa, que teve efeitos imediatos como já sabemos e levou
seus efeitos para além de seu século, acabou influenciando as áreas sociais,
econômicas e políticas não só na Europa, mas com efeitos para todo o mundo.
Também podemos
falar em Golpe de Estado que é derrubar “ilegalmente” um governo constitucionalmente
“legítimo”, ponho entre aspas porque é difícil dizer o que é legítimo e
ilegítimo na dinâmica política brasileira. Os golpes de estado podem ser
violentos ou não, e podem corresponder aos interesses da maioria ou de uma
minoria, embora este tipo de ações normalmente só triunfa quando tem apoio
popular,enganos ou não.
Tal situação
pode consistir simplesmente na aprovação por parte de um órgão de soberania de
um diploma que revogue a constituição e que confira todos os poderes do estado
a uma só pessoa (caso de Vargas em 1937, Estado Novo) ou organização (ascensão
do Partido Nazista em 1933, Alemanha), ou também um golpe militar, em que
unidades das forças armadas ou de um exército popular conquistam alguns lugares
estratégicos do poder político para assim forçar a rendição do governo.
Quem podeira imaginar que Deodoro seria o líder do golpe que derrubou o Império? |
Bem continuando em nosso tema para ser considerado golpe de Estado, não
necessariamente o governante que assumiu o poder pela força tem quer ser
militar, como aconteceu no Brasil de 1964. Chamamos de golpe porque se
caracteriza por uma ruptura institucional repentina, contrariando a normalidade
da lei e da ordem e submetendo o controle do Estado a pessoas que não haviam
sido legalmente designadas, seja através de eleição, hereditariedade ou outro
processo de transição. No modelo mais
comum de golpes, as forças rebeladas cercam ou tomam de assalto à sede do
governo, muitas vezes expulsando, prendendo os representantes do poder, lembro
ao leitor da Proclamação da República, Revolução de 1930, do Golpe de 1945 e de
1964, existe casos de execução dos membros do governo deposto. Nestes 50 anos
após o movimento sócio-político-militar de 1964, sabemos que aquilo que se
consolidou como História é imutável, não adianta comissões da “verdade”, pois
comissão por comissão vejam no que deu no mundo religioso as tentativas de
acusação dos judeus ou dos romanos,por causa do jovem carpinteiro de Nazaré,
“templo é dinheiro”.
No mundo político a
situação é a mesma seja o regime que for, nesse nosso regime atual de
“Gangsterismo de Estado” também não há
de acontecer nada, e não adiantará formar comissão da verdade para saber onde
está o dinheiro da República Nova de Sarney,Collor,Fernando Henrique,Luiz
Inácio, Dilma e sei lá mais quem que a resposta todos sabem popularmente “...o
gato comeu e ninguém viu... exceto o Zé,o Dirceu e o Delubio”. Vejam somente
morreram ao longo deste tempo uma imensidão de brasileiros segundo o Mapa da
Violência 2013 - Mortes por Armas de Fogo, divulgado ano passado informa que
36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010. O número é superior aos
36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4
homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com
estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto. Não quero
aqui justificar violências ou mortes num ou noutro regime, não adianta
procuramos ossadas com doutores vocacionados para exumadores ou arqueólogos com
diárias e pagamentos altos. Devemos é
perguntar que diabos é esta tal de estabilidade social, que somente os
assassinatos entre 2004 e 2007 superaram as mortes em guerras do período no
mundo.
E por fim observarmos que talvez
este clima de guerra social-urbana seja bom para ganhar dinheiro seja na mídia
seja nos postos públicos de governo em todos os níveis ou mesmo sendo
empreendedor, como esta na moda do neoliberalismo, montando uma rede de
funerária com bolsa caixão/sepultura. Está certo que se conquistaram muitas
coisas materiais, tanto nas obras dos governos de 1964 bem como nos benefícios
e bolsas dos governos mais atuais, mas um país se faz com gente, e gente viva,
saudável, educada e de resto tudo é consequência. Hoje não adianta ficar
perguntando quem mata mais Raid ...ou Rodox matou mais ... fato é que sem
independência econômica e cultural, a autodeterminação permanece comprometida,
revelando se apenas formal, superficial, aparente, ilusória. Sem mudanças
estruturais, pesam sobre o país, politicamente “independente”, as marcas de
dependência econômica e cultural inculcada através da ideologia do colonialismo
e do neocolonialismo, em que a sociedade brasileira permanece mergulhada.
E é do passado que ecoa em
nossos ouvidos o famoso brado retumbante que infelizmente para muitos soa como
apenas um bordão de livro de História e que ouso regatá-lo agora:
“Independência ou Morte”, Brasil.
Muito embora,
vários brasileiros por conta de gerações e gerações de governos, sejam eles
civis ou militares, foram ou são
totalmente dependentes da política e dos capitais estrangeiros encontrem
mais cedo do que deviam a morte e somente encontrarão a independência via ela
mesma, se morte for sinônimo de liberdade como alguma correntes religiosas
acreditam num ato de apaziguamento da realidade social. Temos mesmo é que se indignar com tudo isto
de hoje, e entendermos que não há como mudar o passado, mas podemos ser agentes
de um Brasil novo descente, que valorize sua cultura, história e acima de tudo
a população que sente que somente viemos trocando o nome da canga, mas os bois
continuam os mesmos... Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz ... Eh,
ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz(Zê Ramalho – em Admirável Gado
Novo).
Entendo que
neste jogo de Poder deu 5 X 5, o povo não ganhou e pelo visto nunca ganhará,
pois foram dez cabeças, dez formas de destinos, agora 50 anos depois querer
mudar o resultado do primeiro tempo perdido é demais...até porque não temos
mais chefes militares para enfrentarem o time do “Gangsterismo de Estado”. Enquanto isto fica mesmo a vontade das honras
militares de Estado da turma de Resende a Excelentíssima.
[1]
Professor universitário
UGB de Volta Redonda-RJ,CETEP–FAETEC Resende-RJ,Mestre em História
Social,Economista,membro da Academia Resendense de História,da Academia de
História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto de Estudos
Valeparaibanos-SP
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