Julio Cesar Fidelis Soares[1]
Resumo
O presente texto procura revelar
um pouco da história regional no que concerne a participação dos munícipes de
Resende no Vale do Paraíba Fluminense no período que se desenrola a Guerra da
Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai como é mais comumente conhecida. O
trabalho vai apresentar um pouco do perfil da cidade no período e relatar todo
o primeiro esforço da comunidade como tantas outras para participar efetivamente
do esforço de guerra do Império do Brasil a partir de fontes documentais como
periódicos e documentação do Arquivo
Público de Municipal de Resende.
___________________________________________________________________________
Palavras chave: População,
Guerra e Voluntários.
O trabalho que se segue é fruto da vontade de conhecer mais um pouco da
história de deste conflito que afetou tanto economicamente como socialmente a
população brasileira no século XIX. Nosso viés, entretanto, se colocará em foco
na região de Resende, sabendo da grande importância econômica e social desta
região para produção cafeeira da então Província do Rio de Janeiro. Procuraremos
traçar uma imagem de Resende no período do conflito internacional em que o
Império do Brasil se envolveu fazendo breve vista desde o início do conflito
até o final procurando apresentar o quanto à sociedade participou para o
esforço de guerra tanto na parte material como humana. A Guerra do Paraguai como todos comumente
conhecemos é na verdade a Guerra da Tríplice Aliança, que é o maior conflito
armado da América do Sul(1864-1870), foi fruto das constantes rusgas e
instabilidades e disputas políticas e econômicas que envolveram o Império do
Brasil, a República Argentina, a República do Uruguai e a República do
Paraguai. Um quinto agente é de extrema importância dentro do conflito é o
Império Britânico que influência, manobra e interage com os demais personagens
deste conflito, sempre na busca de interesses alheios aos dos governos
envolvidos. Todo o contexto está colocado dentro da segunda fase da Revolução
Industrial, onde o imperialismo monopolista é a ordem e ainda gerando uma
reordenação das estruturas de divisão internacional do trabalho. O conflito é
deflagrado no dia 13 de novembro de 1864 com ataque Paraguaio.
Segundo Forjaz[2] no
inicio do conflito a força Paraguaia era superior, tinha aproximadamente 64.000
homens, contra 8.000 da Argentina e 18.000 do Brasil e ainda uma forte esquadra
fluvial. Entretanto existem grandes divergências quanto ao número das forças
utilizadas no conflito e quem bem nos apresenta isto é Milanesi[3] em
seu estudo sobre os efetivos faz a comparação das
informações sobre da forças disponíveis no início da campanha o que neste
momento não é nosso foco de estudo.
Do ponto de vista econômico tal ação se dá
em razão da busca do Paraguai de uma saída para o mar, coisa que os argentinos
não estavam dispostos a ceder. Pois mantinham a via fluvial bloqueada aos
Paraguaios, pois nunca reconheceram a independência dos Paraguaios frente ao
Reino da Espanha e não queriam dar qualquer forma de vantagem ou ajuda ao
governo do Paraguai. De outro lado o Uruguai sempre procurou o apoio do
Paraguai em função dos conflitos fronteiriços com o Brasil e Argentina. O certo é que eram jovens repúblicas com
sérios problemas de ordem econômica e de organização institucional interna e o
Império Brasileiro um “Gigante Anêmico”[4]
cuja sua força econômica estava calcada na produção agrícola de Café e na
exportação de produtos primários com baixo valor econômico agregado,
necessitando importar quase tudo para fazer movimentar a nação.
Não seria uma força de
expressão dizer que o café tirou o Brasil e, particularmente, o governo e as
elites do país, da crise em que se achavam logo após a independência.
Progressivamente ele será o responsável pelo fato das exportações voltarem a
superar as importações - fato que só acontecerá após 1860. E em somente dois
períodos, 1861 e 1886, o resultado da balança comercial exportações –
importações terá resultado negativo.
O Vale do Paraíba e o Município de Resende
entram nesta história primeiramente com a terra que se mostrou atrativa pelo
custo e produtividade, um aspecto importante é a visão ou a proto-visão dos
conceitos econômicos de custo de oportunidade nos investimentos. Vários
aspectos técnicos geológicos da terra valeparaibana favoreceram a chegada do
café. Por um lado, num país onde apesar
das vastas quantidades de terras disponíveis, a terra sempre foi um bem
disputadíssimo (principalmente quando eram próximas aos grandes portos), o Vale
do Paraíba oferecia um atrativo fascinante: terras praticamente desocupadas.
Com exceção de algumas pousadas de tropeiros e de uns poucos engenhos de açúcar
sem grande expressão, a mata virgem dominava soberana a região.
Quando a Vila de Resende
passa a ser considerada como cidade em 1848[5], a
região resendense já se destacava como um dos maiores centros cafeicultores da província.
Já estávamos no Segundo Império e o reinado de D. Pedro II passar ser marcado
pela expansão do café pelo Vale, salvando, progressiva e lentamente, o Império
da falência financeira econômica que estava sujeito após a Independência. Ao
falarmos em Império devemos sempre lembrar do café, num outro aspecto
fundamental ter garantido para Império seu sustento político através das elites
agrárias e na escravidão negra como força motriz da economia agro-exportadora.
Confirmada pela Constituição de 1824 e garantido o tráfico até 1850,
possibilitando a compra maciça de mais braços para lavoura do café.
No entanto, apesar de toda essa euforia cafeicultora, a
região de Resende nunca ocupará o lugar de maior produtora de café da Província
do Rio de Janeiro. Resende foi grande
centro produtor, mas não o maior. Mesmo que no início do século XIX, seja a
Vila de Resende o centro irradiador do café, espalhando-o por todo o Vale do
Paraíba, será Vassouras, Valença, Paraíba do Sul, Barra Mansa e Piraí que
possuirão as maiores fazendas e também a maior produção no conjunto. Pois
Resende tinha sua estrutura ajustada em pequenos, médios e grandes
proprietários.
Feito então num estudo
sobre quantidade de propriedades para região de Resende mostrou-nos da
importância específica da pequena e média propriedade cafeicultora na dinâmica
econômica da região bem como sua coexistência com as grandes propriedades
monocultoras de café com seus planteis numerosos de braços escravos. Chama-nos a atenção uma declaração no
registro de atas da Câmara Municipal de Resende em 1873:
“... no Município de Resende
há mui poucos grandes lavradores ,é talvez o Município da Província do Rio de
Janeiro onde propriedade territorial se acha mais bem dividida e, por
conseqüência , onde se encontra maior número de pequenos produtores...”[6]
Apresentamos assim
para Resende, um perfil de sociedade não bipolarizada, diferente do apresentado
pela historiografia tradicional em estudos de outras regiões, já que no caso de
Resende havia uma considerável população de homens livres em relação aos
escravos, como podemos observar nos estudos comparativos entre os três
municípios de maior expressão na região do Vale do Médio Paraíba. Através do
Recenseamento da População da Província do Rio de Janeiro de 1850.[7]
Quem nos dá algumas
características das terras resendenses por volta do período estudado é o
Almanaque Laermmert :
“Sobre um terreno notavelmente accidentado,
cujo solo em sua maxima parte se pode chamar argilo-ferruginoso, o município de
Rezende produz o melhor café , excellente canna de assuçar, cereaes e legumes
de toda espécie. Nas planuras do
Itatiaya abundão as pastagens nativas, offerecendo assim recurso naturaes para
a criação de toda espécie de gado; algumas fructas da Europa como maçã , o
marmelo [...] .”[8]
É importante destacarmos também
que em outro trecho do mesmo almanaque ele nos traz notícia do plantio de
parreiras cuja produção de uvas era abundante, e que houve algumas tentativas
de produção de vinho, que se assemelhava ao do Rheno só que muito mais
aromático segundo os editores do almanaque.
Do núcleo urbano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, esta era
vista em destaque por suas três colinas, cada uma com o seu templo a Matriz,
Rosário e Senhor dos Passos. À margem esquerda do Rio Paraíba do Sul e em
frente ao núcleo urbano encontra-se o bairro de Campos Elíseos que se ligava à
cidade por uma ponte de madeira, neste bairro estava também localizada a
estação da linha de Ferro D. Pedro II que ligava o município à corte. Nesse período estimava-se que o número de
habitantes da freguesia da “Cidade” era de 2.400 habitantes, que residiam numas
430 casas, construídas sem muita opulência.
O interessante é que ao estudarmos estes relatos vimos que muitas casas
eram remanescentes do período inicial da constituição da Vila de N. S. da
Conceição do Campo Alegre, pois nos foi relatadas da seguinte forma pelo autor
do almanaque “[...] bem pouco sólidas, pelo uso ainda em voga dos antigos e
condemnados baldrames de madeira[...]”[9]. Os edifícios que mais se destacavam eram a
Matriz de N. S. da Conceição , o edifício da Câmara e Cadeia e a Santa Casa da
Misericórdia localizada no bairro do Lavapés, o mais antigo bairro da cidade.
Por esta época no município, as organizações que mais se destacavam eram
as ligadas à Igreja como as irmandades do Santíssimo Sacramento, Boa-Morte, São
Miguel e Almas, Rosário , Senhor dos Passos e Nossa Senhora Aparecida do
Pirapitinga (área rural). Havia ainda outras sociedades tais como a Sociedade
Musical Dramática Esmeralda e a
Musical Literária Aurora. A Maçonaria
em Resende era representada pela Augusta
e Respeitável Loja Lealdade e Brio, fundada 12 de dezembro de 18 70 logo depois
do conflito com o Paraguai[10].
Formada por elementos da sociedade com fortes influências tanto na sociedade
local bem com em termos da região e até mesmo da província do Rio de Janeiro.
Há registros ainda da existência de uma outra Loja Maçônica, que foi a pioneira
em Resende, a “Ypiranga” fundada em 1832.
Resende: a guerra e seus Voluntários da
Pátria.
Ao correr da legislatura do ano de 1864, quando se inicia o conflito da
Tríplice Aliança a câmara Municipal era compostas pelo Presidente Coronel da Guarda
Nacional Fabiano Pereira Barreto[11], Ten.
Coronel João Batista Brasiel, Jose Maria de Oliveira, Manoel Dias Carneiro,
Modesto Baptista Roquette,Dr. Joaquim Augusto Ribeiro da Luz, Joaquim Rodrigues
Antunes, Domingos Alves Ramos e Jose Joaquim da Silva e Sá. Neste ano segundo João Maia a câmara conseguiu
o alistamento e a expedição de 38 voluntários, fato que gerou por parte da
presidência da Província um elogio por relevantes serviços prestados, sendo
citado o Vereador Modesto Baptista Roquette por conseguir o alistamento de
grande número de voluntários. Já no ano
de 1865, Resende é citada entre as cidades da província que mais contribuíram
no fornecimento de praças destinados a campanha do sul. Estes homens foram
formar o contingente do 8º Corpo de Voluntários da Guarda Nacional[12].
A Resende dos
anos de 1865 segundo o Almanack Laemmert
tinha as seguintes aspectos característicos:
“ A Cidade de Rezende, situada à margem direita do Rio
Parahyba[...] conta em seu seio 316 propriedades, das quaes 17 sobrados,6 casas
nobres e 293 terreas. Entre os sobrados occupão distincto lugar o da viúva
Martins, no largo da Matriz, e o do Dr. Antonio de Paula Ramos, no largo da
Constituição: entra as casas nobres são dignas de menção a de J. de Castro
Pompéia, na rua das Flores; a de J.B.Brasil, na ladeira do Lava-pés [...] Tem ao todo treze ruas, entre as quaes
sobresahem as do Lava-pés, Rosário,
Direita e Formosa. A margem esquerda do
rio ficão os Campos Elysios em frente a
cidade, ligados a esta por uma boa ponte de madeira construída a expensas do
povo [...] Os edifícios públicos principais são a matriz, uma das melhores da
província, mas que demanda séria attenção do governo afim de se não perder tão
boa obra, visto que as torres ameação ruína: a cadêa e casa da câmara
,jury e audiências em um só edifício de
bella apparência, mas pouco seguro quanto às prisões [...].”[13]
Ainda neste ano a Câmara
Municipal de Resende convocou uma sessão extraordinária que ocorreu em 24 de
janeiro apresenta providência desta casa legislativa em prol do Império. È interessante notar que o Dr. João Maia nos
apresenta no correr do texto de proposições da câmara um relato bem fiel de
mais umas características de Resende:
“ ...Se o nosso município não é dos
mais ricos e populosos e carece de braços para lavoura, nem por isso é menos
brioso para ceder a qualquer outro em dedicação e patriotismo. ...” [14]
É importante relembrarmos
que este relato corrobora com a questão da distribuição da renda bem como com
as questões ligadas aos trabalhadores da lavoura, onde sabemos que os números
de escravos em Resende eram bem menores que das demais cidades do Vale do
Paraíba fato que não afetou seu posicionamento com uma das grandes produtoras
de café.
Em 24 de Janeiro de 1865 a Câmara Municipal de
Resende não querendo ficar fora dos acontecimentos de ordem da política externa
do país se reuniu em sessão extraordinária, onde o presidente da casa
legislativa fez o seguinte pronunciamento:
“ Diante dos graves
acontecimentos que se passam no Rio de Prata
o município de Rezende não deve conservar-se em atitude indiferente.”[15]
A partir desta fala a
Câmara esta procurando engajar-se num serviço de buscar e alistar o máximo possível
de voluntários para compor as força Imperiais nas operações de guerra contra
o Paraguai. Fez-se a nomeação de uma comissão constituída de 8 membros
entre parlamentares da casa e cidadãos.
Aos nove dias do mês de fevereiro outra reunião procura dar mais ênfase
e fomentar o ânimo dos munícipes fazendo a seguinte conclamação pública:
“3ª – [...] Que mande afixar nos
logares mais públicos da cidade e freguezias do termo, uma proclamação
convidando os seus municipes a tomarem armas em defeza da pátria ultrajada pelo
estrangeiro. [...]”[16]
A partir destes atos de
conclamação a municipalidade, a sociedade responde fazendo o alistamento junto
a Câmara de 16 voluntários em primeira leva, que segundo João Maia: “...embarcaram, seguindo pelo Parahyba até
Barra do Pirahy e d´ahi ao Rio de Janeiro pela Estrada de Ferro Pedro II.” Registra ele também que a fala do presidente
da Câmara aos voluntários foi registrada em artigo do Jornal do Comércio do dia
28 de Janeiro de 1865, que teve como título “ Rezende . A primeira partida dos
Voluntários.”
“Senhores Voluntários!
Quando os defensores da fé cingião a armadura diante dos altares para vingarem seus
[corpos] abatidos as margens do Cedron, trazião nas espada a imagem de uma
cruz. Indo vingar nossa honra nas margens do Paraguay vós levais o emblema da
pátria n´uma bandeira, que é ao mesmo tempo a cruz das nações e o evangelho do
soldado. A causa da fé e da honra confundem-se diante de Deos, como a religião
confunde-se com a liberdade na philosofia sublime do christianismo. O anjo que
inspirou Godofredo lo é, pois, o mesmo que afia o gume de vossa espada. Confia
na Providência. O soldado na peleja é a expressão mais gloriosa do direito,
porque elle é a consciência da razão pública acrysolado pela virtudo do
martyrio. Nesse lugar o súdito sobe ao
nível ao nível do rei e o homem desaparece nas alturas do prodígio. Os
semideuses coroarão-se no templo da batalhas: Alexandre e teus discípulos
tirarão da mesma academia os seus pergaminhos. Não há clarão da virtude mais
deslumbrante do que esse que alumia oferta do próprio sangue nos holocaustos da
honra vilipendiada. Nesse dia o homem
parece Deos, porque só elle foi capaz do mais caro dos sacrifícios pela mais
sublime da redempções. Voluntários, ide e immortalisai-vos!”[17]
A partida foi descrita no
artigo citado do Jornal do Commércio que nos traz o fato de uma maneira muito
detalhada que vale pena transcrevê-la para sentirmos o grau de emoção e
patriotismo com que a sociedade se propôs de forma espontânea a defender a
pátria pondo-se ao sacrifício seus jovens voluntários. E assim nos relata o
jornal :
“A festa do patriotismo
em todos os tempos forão animadas e concorridas, mais nem uma attingio ainda as
proporções sublimes que nesta cidade tornou o primeiro embarque de voluntários ,
que teve lugar no dia 28 do corrente. O provo cobria a extensa ponte do rio
Parahyba e o porto onde estava a barca elegantemente embandeirada para receber
o punhado de bravos, que vão vingar as offensas da pátria. No meio deste comício brilhante destacava-se
um lindo grupo de senhoras vinhão misturar seus brindes de despedida com as lágrimas de
saudades, ao som das notas empolgantes do hynno de guerra, composto pela mão do
Sr. Campos, pelo talento artístico do Sr. Ferreira Martins. A voz mimosa das jovens
Eugênia Cândida do Prado Ramos, Arminda Baptista Roquette e Januária Amélia Carneiro
do Prado[18],
que entoarão aquellas copia repassadas do ardor guerreiro,à margem de um rio
formoso, que pela primeira vez abria o largo seio para abraçar os soldados do
povo e levá-los ao campo de honra, as salvas que conduzião as florestas das
serrania os echos daquelle drama pungente;os lenços que se agitavão de todas as
janellas e o chuveiro de flores que
cahia sobre a cabeça altiva dos voluntários formados em linha, dão a medida do
quanto aquella scena emocionante e triste. O mais jovem dos voluntários, no
momento em que seu velho tio e pai adoptivo lhe lançara a benção, cahio de
joelhos a seus pés, o encheu de lágrimas o colo daquelle que lhe havia cuidado
de existência! Para entregá-la tão cedo a voracidade dos canhões. Que quadro
deslumbrante , e que abnegação sublime . Quantas virtudes deste quilate o
patriotismo brazileiro terá registrado chronica obscura do povo tem um padrão
vivo que o apregoe! Dahi a instantes o bravo mancebo saltava sobre a barca, e
todos o vião de olhos vivos e de rostos animados respondendo aos aplausos da
multidão: honra ao jovem Jose Alberto Corrêa,assim aguçava a coragem de seus
companheiro de glória! O presidente da Câmara Muncipal saudou com entusiasmo S.
M. Imperador, a nação brazileira e os bravos voluntários de
Rezende,dirigindo-lhes uma allocução nos termos [...] do município, e abraçou
com efusão cada um delles, fazendo o mesmo o Comandante Superior da Guarda
comandante Dr.Barreto.
Nesta hora a
senhora do Dr. Maia a cada um dos
voluntários com um lenço fino e bordado em cujo centro havia o emblema de uma
coroa imperial defendida por duas bandeiras com o dístico seguinte: -- Aos
Voluntários de Resende a pátria agradecida.”
O Comendador
Fabiano Barreto, Coronel Comandante da Guarda Nacional, o Dr. Pedro Ramos da
Silva vereador da Câmara, o Tenente-Coronel Luiz da Rocha Miranda Sobrinho[19], comandante
do Esquadrão de Cavalaria da Guarda Nacional se oferecem para irem aos campos
de batalha, mas além deles a gente simples do povo.
Fato é que estudantes como
Eugênio Brandão do Vale com apenas com 18 anos, artífice como Francisco Miranda
de Oliveira, o Alferes João Rodrigues Godoy Lobo, lavrador; e simples
trabalhadores tal qual José Ortiz, funcionários públicos como Jose dos Santos
Dias Carneiro, todos como um entusiasmo patriótico procuraram a Comissão de
Alistamento e se inscreveram para o serviço militar voluntário rumo aos campos
de batalha do Prata.
A sociedade resendense através de suas damas de maior
destaque procurou confeccionar as fardas dos Voluntários e acompanhara-nos até
a partida no porto do rio Paraíba como já havíamos visto pela notícia do Jornal do Commercio. Elas teceram também
a Bandeira dos Voluntários de Resende destinada a coluna dos voluntários da
terra, entregando- à guarda do Voluntário Paulino Gomes Jardim. A Banda
Garibaldina animou o ato cívico executando o Hino dos Voluntários Resendenses
cuja letra foi composta por Jacome de
Campos e música do maestro Manoel Martins Ferreira. Em primeira leva como já
vimos foram 16 voluntários remetidos ao serviço de guerra sob o comando do
Alferes Godoy Lobo da Guarda Nacional, sendo que o município colaborou com 250
homens para o Exército Imperial em operações no teatro do Rio da Prata.
A
Guerra caminha e chega às notícias sobre a perda em combate dos voluntários
Francisco Ferreira, Antonio Candido Nogueira e de Antonio Felipe de
Castro. E a guerra com seus reveses
levam a mais e mais voluntários num total de 40 soldados voluntários oriundos
de Resende que tombaram nos campos de
batalha do conflito com Paraguai.
Ao término do conflito a
cidade como todo o Império festeja em delírio não só a vitória, mas o regresso
dos primeiros voluntários como Godoy Lobo e Jose Dias Carneiro, promovidos ao
oficialato e a patente de capitão por ato de bravura em combate, condecorados
ainda com a comenda da Ordem Imperial da Rosa[20] e
do Hábito de Cristo[21]. A
bandeira que foi entregue a Paulino Gomes Jardim quando da partida dos
voluntários foi um relicário nas mãos dos jovens soldados que de retorno dos
árduos combates trouxeram-na de volta a terra natal como marco indelével da
bravura patriótica das tropas voluntárias no conflito como um todo.
Assim
procuramos relatar um pouco da história dos intrépidos soldados conterrâneos
resendenses que participaram do maior conflito armado internacional ocorrido na
América do Sul cuja participação dos voluntários de Resende como os demais de
tantos rincões do Brasil foi de dimensões épicas, pois houve na maioria dos
casos a transformação de lavradores simples, trabalhadores e funcionários
públicos em soldados com grande sentimento pátrio.
Atas CMR(Câmara
Municipal de Rezende- Arquivo Histórico Municipal) – 1865 -1866 -1867-1868-
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Arquivo Público de Resende, Fundação Casa de Cultura Macedo
Miranda, acervo documentação da Câmara Municipal de Resende.
Almanaque Laemmert. 1848-1870 http://www.crl.edu/pt-br/brazil/almanak
acessado em 19 de setembro de 2010.
Jornal do Commércio . terça-feira ,28 de fevereiro de 1865.
1ª página ,7ª coluna .Rezende – A primeira partida dos voluntários. Acervo
Fundação Biblioteca Nacional – Brasil. PR-SPR 0001(75)
Brazilian
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http://www.crl.edu/pt-br/brazil/provincial/rio_de_janeiro
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Teles, Paulo de Queiroz .Os Voluntários da
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Biblioteca do Exercito Editora: Rio de Janeiro: 1983.
[1] Mestre em História Social (USS)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, da Academia
Resendense de História, membro do IEV, Economista :Professor de História
Econômica Geral, História do Pensamento Econômico, Formação Econômica do
Brasil, Economia Brasileira ,Política e Planejamento Econômico, Economia e
Mercado (UGB-VR).
[2] Forjaz ,Cláudio Ricardo Herl, Espada de Caxias –Rio de Janeiro 2005, p-197.
[3] Milanesi ,Dalcio Arélio. Sobre a Guerra do Paraguai in Revista Urutágua
(CESIN-MT/DCS/UEM)nº5
Maringá – PR ISSN
15196178 http://www.urutagua.uem.br/005/06his_milanesi.htm
acessado em 22/8/2008 17:43.
[4]
Chiavenatto,J.J. Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai . Ed.Brasiliense –SP
1981.
[5] Elevação da
Vila à Cidade de Rezende: Decreto 438 de 12/07/1848 com a promulgação pela Assembléia
Provincial no dia : 6/07/1848. A resolução foi sancionada a 12/07/1848, pelo
Chefe do Governo Províncial (Visconde de Barbacena). Foi publicada na imprensa
oficial no dia 13/07/1848. Fonte:
acervo documentação da Câmara Municipal de Resende – 1848.
[6] Ata Câmara Municipal de Resende -1873.
[8] Almanak
Laemmert, edição 1874, Município de Rezende, p.125.
[9] Idem, Almanak
Laemmert, edição 1874, Município de Rezende.
[10] Lembro-me
que quando garoto meu pai que é maçon gostava de me mostrar as espada guardadas
na Loja Leal --dade e Brio que pertenceram aos resendenses e maçons que lutaram
no conflito de 1864-1870.
[11]
Comandante da Guarda Nacional em Resende Comendador da Ordem de Cristo e da
Imperial Ordem da Rosa.
[12] 8º Corpo
de Voluntários da Pátria – Província do Rio de Janeiro foi formado com contingente
fluminense, sergipanos e alagoanos sob o Comando do Tenente-Coronel da
Guarda Nacional Francisco Félix de Freitas Barreto e Fiscal o Major
Porfírio de Castro Araújo.O 8º Corpo foi designado para o Rio Grande do Sul,
sendo incluído na 3ª Brigada, do Coronel de Artilharia Higino José Coelho.
Contava com a 2ª Divisão de Infantaria comandada pelo Brigadeiro Joaquim José
Gonçalves Fontes.( Teles, Paulo de Queiroz .Os Voluntários da
Pátria na Guerra do Paraguai, Volume Dois –Tomo II)
[13]
Fragmento de descrição no Almanack Laemmert de 1865 p.264
[14]
Maia,João de Azevedo Carneiro - Notícias
Históricas e Estatísticas do Município de Resende desde A sua Fundação . Rio de
Janeiro, 1891.p298
[15] Maia, João de
Azevedo Carneiro. do Descobrimento do Campo Alegre À Criação da Vila De
Resende. [ S.Ed] , 1886.p-292
[16]
Idem,pag.300
[17] Jornal
do Commércio . terça-feira ,28 de fevereiro de 1865. 1ª página ,7ª coluna
.Rezende – A primeira partida dos voluntários. Acervo Fundação Biblioteca
Nacional – Brasil.
[18] Januária
Amélia do Prado Carneiro, n. 15-VIII-1852 (f 12-XII-1936), em Resende
com 84 anos. Eximia pianista resendense. Família do Visconde dos Saltos –
Antonio José Dias Carneiro.
[19] Luiz da
Rocha Miranda Sobrinho(Barão de Bananal),Tenente-Coronel da Guarda Nacional,
Comandante do 11º Corpo de Cavalaria da Província - Guarda Nacional composto de
4 companhias.
[20] A
Imperial Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira. Foi criada em 27 de
fevereiro de 1829 pelo imperador D. Pedro I (1822 — 1831). A ordem premiava
militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se distinguissem por sua
fidelidade à pessoa do Imperador e por serviços prestados ao Estado.
[21] Imperial
Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma antiga ordem honorífica brasileira,
originada a partir da portuguesa Ordem Militar de Cristo, a qual por sua vez
remonta à medieval Ordem de Cristo. Foi a segunda ordem imperial brasileira com
mais titulares, logo atrás da Imperial Ordem da Rosa, e premiava tanto
militares quanto civis.
boa tarde existe uma relaçao nominal dos combatentes oriundos de sao vicente de ferres? procuro por membros da familia soares ramos. grato flavio arjones flavio arjones@gmail.com
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