domingo, 23 de fevereiro de 2014

A Resende da segunda metade do Século XIX.
Julio Cesar Fidelis Soares[1]
Nos idos da década de 1870 segundo o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial Laemmert o município de Resende era importante e estava ávido a receber as benesses do progresso pois tinha uma população de 25.000 habitantes divididos por suas freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre, São Jose do Campo Bello, Senhor Bom Jesus do Ribeirão de Sant`Anna, Santo Antonio da Vargem Grande e São Vicente Ferrer.  O almanaque ainda nos dá algumas características das terras resendense:
“Sobre um terreno notavelmente accidentado, cujo solo em sua maxima parte se pode chamar argilo-ferruginoso, o município de Rezende produz o melhor café , excellente canna de assuçar, cereaes e legumes de toda espécie.  Nas planuras do Itatiaya abundão as pastagens nativas, offerecendo assim recurso naturaes para a criação de toda espécie de gado; algumas fructas da Europa como maçã , o marmelo [...] .”[2]
 É importante destacarmos também que em outro trecho do mesmo almanaque ele nos traz notícia do plantio de parreiras cuja produção de uvas era abundante, e que houve algumas tentativas de produção de vinho, que se assemelhava ao do Rheno só que muito mais aromático segundo os editores do almanaque.

Do núcleo urbano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, esta era vista em destaque por suas três colinas, cada uma com o seu templo a Matriz, Rosário e Senhor dos Passos. À margem esquerda do Rio Paraíba do Sul e em frente ao núcleo urbano encontra-se o bairro de Campos Elíseos que se ligava à cidade por uma ponte de madeira, neste bairro estava também localizada a estação da linha de Ferro D. Pedro II que ligava o município à corte.

 Nesse período estimava-se que o número de habitantes da freguesia da “Cidade” era de 2.400 habitantes, que residiam numas 430 casas, construídas sem muita opulência.  O interessante é que ao estudarmos estes relatos vimos que muitas casas eram remanescentes do período inicial da constituição da Vila de N. S. da Conceição do Campo Alegre, pois nos foi relatadas da seguinte forma pelo autor do almanaque “[...] bem pouco sólidas, pelo uso ainda em voga dos antigos e condemnados baldrames de madeira[...]”[3]


Os edifícios que mais se destacavam eram a Matriz de N. S. da Conceição, o edifício da Câmara e Cadeia e a Santa Casa da Misericórdia localizada no bairro do Lavapés, o mais antigo bairro da cidade.
Referências Bibliográficas:
Arquivo Público de Resende, Fundação Casa de Cultura Macedo Miranda, acervo documentação da Câmara Municipal de Resende.
Jornal Astro Resendense de 15 de junho de 1873.
Jornal Astro Resendense de 13 de Outubro de 1872.
BOPP, Itamar.  Casamentos na Matriz de Resende.  Instituto Genealógico Brasileiro, 1971.
____________. Notas Genealógicas.  São Paulo: Gráfica Sangirardi, 1987.
MAIA, João de Azevedo Carneiro. Do descobrimento do Campo Alegre à criação da Vila de Resende. 1891. [Reed.]1986.
____________. Notícias históricas e estatísticas do município de Resende desde a sua fundação. Rio de Janeiro, 1891.
PEREIRA,Waldick. Cana, café & laranja: história econômica de Nova Iguaçu. Rio de Janeiro: FGV/SEEC, 1977.
SODRÉ, Alfredo.  Resende, os cem anos da cidade. 1901.S.ed.
VIANA, Oliveira.  Hegemonia do Vale do Paraíba. In: O Café no segundo centenário de sua introdução no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1934. V. 2.
WHATELY, Maria Celina. O café em Resende no século XIX. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.
  _________, Maria Celina. Resende, a cultura pioneira do café no Vale do Paraíba. Niterói-RJ: Gráfica La Salle, 2003.
ZALUAR, Emilio.  Peregrinação pela província de São Paulo, 1860-61. São Paulo, 1953.         
Referências telematizadas:
Almanaque Laemmert. 1845-1885.  Brazilian Government Document Digitization Project. Disponível em: <www.crl.edu/content/almanak2.htm>.




[1] Professor Mestre em História Social, Economista, membro do IEV-Lorena-SP, da Academia Resendense de História e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Professor do Centro Universitário Geraldo Di Biasi – Volta Redonda.RJ / Professor da FAETEC –CETEP –Resende-RJ.

[2] Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende, p.125.
[3] Idem, Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Refletindo sobre 1964 frente a atual realidade brasileira

Por Julio Cesar Fidelis Soares[1]
Os anos que antecederam o golpe de Estado em 1964 no Brasil, 1930 e sua revolução, a Intentona ou Revolta Vermelha de 1935, o Golpe de Estado de 1937,Golpe de Estado em 1945 foram todos marcados por momentos políticos turbulentos que contribuíram para a efetivação de articulações e conspirações que inspiraram os que tramavam a derrubada do presidente João Goulart, visto como solução para o fim das crises econômicas, políticas e sociais que aconteciam sucessivamente no país. Nesse período, a sociedade se dividia entre as propostas da esquerda e da direita (tempo perdido, o que vale e ser Brasileiro e honesto), mundo político era dicotômico, bem e mal, pensamentos em vigor no debate político à época principalmente nos idos de 1964. Assim, analisaremos maneira breve as circunstâncias que forjaram um ambiente favorável a civis e militares identificados que comungavam o interesse comum de substituição do poder vigente através da tomada do controle do Estado brasileiro. Para tanto prezado leitor devemos buscar o significado da palavra revolução, que segundo os cientistas políticos não dogmáticos, pode ter dois significados: uma evolução no sistema de produção, ou seja, uma transformação que atinge socialmente, economicamente e politicamente a sociedade. Podemos dar como exemplo a Revolução Industrial (Séculos XVIII, XIX, XX),hoje neste século vivemos a era pós-industrial,já naqueles séculos que citamos ocorreram uma série de avanços nos sistemas de produção de mercadorias com advento das máquinas e suas produções em escala. De outro modo Revolução pode significar uma mudança radical, imediata, violenta como a Revolução Francesa, que teve efeitos imediatos como já sabemos e levou seus efeitos para além de seu século, acabou influenciando as áreas sociais, econômicas e políticas não só na Europa, mas com efeitos para todo o mundo.
Também podemos falar em Golpe de Estado que é derrubar “ilegalmente” um governo constitucionalmente “legítimo”, ponho entre aspas porque é difícil dizer o que é legítimo e ilegítimo na dinâmica política brasileira. Os golpes de estado podem ser violentos ou não, e podem corresponder aos interesses da maioria ou de uma minoria, embora este tipo de ações normalmente só triunfa quando tem apoio popular,enganos ou não.
Tal situação pode consistir simplesmente na aprovação por parte de um órgão de soberania de um diploma que revogue a constituição e que confira todos os poderes do estado a uma só pessoa (caso de Vargas em 1937, Estado Novo) ou organização (ascensão do Partido Nazista em 1933, Alemanha), ou também um golpe militar, em que unidades das forças armadas ou de um exército popular conquistam alguns lugares estratégicos do poder político para assim forçar a rendição do governo.
Quem podeira imaginar que Deodoro seria o líder do golpe que derrubou o Império?
Bem continuando em nosso tema para ser considerado golpe de Estado, não necessariamente o governante que assumiu o poder pela força tem quer ser militar, como aconteceu no Brasil de 1964. Chamamos de golpe porque se caracteriza por uma ruptura institucional repentina, contrariando a normalidade da lei e da ordem e submetendo o controle do Estado a pessoas que não haviam sido legalmente designadas, seja através de eleição, hereditariedade ou outro processo de transição.  No modelo mais comum de golpes, as forças rebeladas cercam ou tomam de assalto à sede do governo, muitas vezes expulsando, prendendo os representantes do poder, lembro ao leitor da Proclamação da República, Revolução de 1930, do Golpe de 1945 e de 1964, existe casos de execução dos membros do governo deposto. Nestes 50 anos após o movimento sócio-político-militar de 1964, sabemos que aquilo que se consolidou como História é imutável, não adianta comissões da “verdade”, pois comissão por comissão vejam no que deu no mundo religioso as tentativas de acusação dos judeus ou dos romanos,por causa do jovem carpinteiro de Nazaré, “templo é dinheiro”. 

  No mundo político a situação é a mesma seja o regime que for, nesse nosso regime atual de “Gangsterismo de Estado” também  não há de acontecer nada, e não adiantará formar comissão da verdade para saber onde está o dinheiro da República Nova de Sarney,Collor,Fernando Henrique,Luiz Inácio, Dilma e sei lá mais quem que a resposta todos sabem popularmente “...o gato comeu e ninguém viu... exceto o Zé,o Dirceu e o Delubio”. Vejam somente morreram ao longo deste tempo uma imensidão de brasileiros segundo o Mapa da Violência 2013 - Mortes por Armas de Fogo, divulgado ano passado informa que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010. O número é superior aos 36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto. Não quero aqui justificar violências ou mortes num ou noutro regime, não adianta procuramos ossadas com doutores vocacionados para exumadores ou arqueólogos com diárias e pagamentos altos.  Devemos é perguntar que diabos é esta tal de estabilidade social, que somente os assassinatos entre 2004 e 2007 superaram as mortes em guerras do período no mundo.
  


E  por fim observarmos que talvez este clima de guerra social-urbana seja bom para ganhar dinheiro seja na mídia seja nos postos públicos de governo em todos os níveis ou mesmo sendo empreendedor, como esta na moda do neoliberalismo, montando uma rede de funerária com bolsa caixão/sepultura. Está certo que se conquistaram muitas coisas materiais, tanto nas obras dos governos de 1964 bem como nos benefícios e bolsas dos governos mais atuais, mas um país se faz com gente, e gente viva, saudável, educada e de resto tudo é consequência. Hoje não adianta ficar perguntando quem mata mais Raid ...ou Rodox matou mais ... fato é que sem independência econômica e cultural, a autodeterminação permanece comprometida, revelando se apenas formal, superficial, aparente, ilusória. Sem mudanças estruturais, pesam sobre o país, politicamente “independente”, as marcas de dependência econômica e cultural inculcada através da ideologia do colonialismo e do neocolonialismo, em que a sociedade brasileira permanece mergulhada.
 E é do passado que ecoa em nossos ouvidos o famoso brado retumbante que infelizmente para muitos soa como apenas um bordão de livro de História e que ouso regatá-lo agora: “Independência ou Morte”, Brasil.
Muito embora, vários brasileiros por conta de gerações e gerações de governos, sejam eles civis ou militares, foram ou são  totalmente dependentes da política e dos capitais estrangeiros encontrem mais cedo do que deviam a morte e somente encontrarão a independência via ela mesma, se morte for sinônimo de liberdade como alguma correntes religiosas acreditam num ato de apaziguamento da realidade social.  Temos mesmo é que se indignar com tudo isto de hoje, e entendermos que não há como mudar o passado, mas podemos ser agentes de um Brasil novo descente, que valorize sua cultura, história e acima de tudo a população que sente que somente viemos trocando o nome da canga, mas os bois continuam os mesmos... Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz ... Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz(Zê Ramalho – em Admirável Gado Novo).
Entendo que neste jogo de Poder deu 5 X 5, o povo não ganhou e pelo visto nunca ganhará, pois foram dez cabeças, dez formas de destinos, agora 50 anos depois querer mudar o resultado do primeiro tempo perdido é demais...até porque não temos mais chefes militares para enfrentarem o time do “Gangsterismo de Estado”.  Enquanto isto fica mesmo a vontade das honras militares de Estado da turma de Resende a Excelentíssima.







[1] Professor universitário UGB de Volta Redonda-RJ,CETEP–FAETEC Resende-RJ,Mestre em História Social,Economista,membro da Academia Resendense de História,da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto de Estudos Valeparaibanos-SP 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Aos 150 anos da Guerra do Paraguai -Resende e a Guerra do Paraguai: os Voluntários da Pátria



Julio Cesar Fidelis Soares[1]

Resumo



O presente texto procura revelar um pouco da história regional no que concerne a participação dos munícipes de Resende no Vale do Paraíba Fluminense no período que se desenrola a Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai como é mais comumente conhecida. O trabalho vai apresentar um pouco do perfil da cidade no período e relatar todo o primeiro esforço da comunidade como tantas outras para participar efetivamente do esforço de guerra do Império do Brasil a partir de fontes documentais como periódicos e documentação do Arquivo  Público de Municipal de Resende.

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Palavras chave: População, Guerra e Voluntários.

-Tropas Brasileiras em Cáceres - 

O trabalho que se segue é fruto da vontade de conhecer mais um pouco da história de deste conflito que afetou tanto economicamente como socialmente a população brasileira no século XIX. Nosso viés, entretanto, se colocará em foco na região de Resende, sabendo da grande importância econômica e social desta região para produção cafeeira da então Província do Rio de Janeiro. Procuraremos traçar uma imagem de Resende no período do conflito internacional em que o Império do Brasil se envolveu fazendo breve vista desde o início do conflito até o final procurando apresentar o quanto à sociedade participou para o esforço de guerra tanto na parte material como humana.  A Guerra do Paraguai como todos comumente conhecemos é na verdade a Guerra da Tríplice Aliança, que é o maior conflito armado da América do Sul(1864-1870), foi fruto das constantes rusgas e instabilidades e disputas políticas e econômicas que envolveram o Império do Brasil, a República Argentina, a República do Uruguai e a República do Paraguai. Um quinto agente é de extrema importância dentro do conflito é o Império Britânico que influência, manobra e interage com os demais personagens deste conflito, sempre na busca de interesses alheios aos dos governos envolvidos. Todo o contexto está colocado dentro da segunda fase da Revolução Industrial, onde o imperialismo monopolista é a ordem e ainda gerando uma reordenação das estruturas de divisão internacional do trabalho. O conflito é deflagrado no dia 13 de novembro de 1864 com ataque Paraguaio.
Segundo Forjaz[2] no inicio do conflito a força Paraguaia era superior, tinha aproximadamente 64.000 homens, contra 8.000 da Argentina e 18.000 do Brasil e ainda uma forte esquadra fluvial. Entretanto existem grandes divergências quanto ao número das forças utilizadas no conflito e quem bem nos apresenta isto é Milanesi[3] em seu estudo sobre os efetivos faz a comparação das informações sobre da forças disponíveis no início da campanha o que neste momento não é nosso foco de estudo.
          Do ponto de vista econômico tal ação se dá em razão da busca do Paraguai de uma saída para o mar, coisa que os argentinos não estavam dispostos a ceder. Pois mantinham a via fluvial bloqueada aos Paraguaios, pois nunca reconheceram a independência dos Paraguaios frente ao Reino da Espanha e não queriam dar qualquer forma de vantagem ou ajuda ao governo do Paraguai. De outro lado o Uruguai sempre procurou o apoio do Paraguai em função dos conflitos fronteiriços com o Brasil e Argentina.  O certo é que eram jovens repúblicas com sérios problemas de ordem econômica e de organização institucional interna e o Império Brasileiro um “Gigante Anêmico”[4] cuja sua força econômica estava calcada na produção agrícola de Café e na exportação de produtos primários com baixo valor econômico agregado, necessitando importar quase tudo para fazer movimentar a nação.
Não seria uma força de expressão dizer que o café tirou o Brasil e, particularmente, o governo e as elites do país, da crise em que se achavam logo após a independência. Progressivamente ele será o responsável pelo fato das exportações voltarem a superar as importações - fato que só acontecerá após 1860. E em somente dois períodos, 1861 e 1886, o resultado da balança comercial exportações – importações terá resultado negativo.
     O Vale do Paraíba e o Município de Resende entram nesta história primeiramente com a terra que se mostrou atrativa pelo custo e produtividade, um aspecto importante é a visão ou a proto-visão dos conceitos econômicos de custo de oportunidade nos investimentos. Vários aspectos técnicos geológicos da terra valeparaibana favoreceram a chegada do café.  Por um lado, num país onde apesar das vastas quantidades de terras disponíveis, a terra sempre foi um bem disputadíssimo (principalmente quando eram próximas aos grandes portos), o Vale do Paraíba oferecia um atrativo fascinante: terras praticamente desocupadas. Com exceção de algumas pousadas de tropeiros e de uns poucos engenhos de açúcar sem grande expressão, a mata virgem dominava soberana a região.
Quando a Vila de Resende passa a ser considerada como cidade em 1848[5], a região resendense já se destacava como um dos maiores centros cafeicultores da província. Já estávamos no Segundo Império e o reinado de D. Pedro II passar ser marcado pela expansão do café pelo Vale, salvando, progressiva e lentamente, o Império da falência financeira econômica que estava sujeito após a Independência. Ao falarmos em Império devemos sempre lembrar do café, num outro aspecto fundamental ter garantido para Império seu sustento político através das elites agrárias e na escravidão negra como força motriz da economia agro-exportadora. Confirmada pela Constituição de 1824 e garantido o tráfico até 1850, possibilitando a compra maciça de mais braços para lavoura do café.
            No entanto, apesar de toda essa euforia cafeicultora, a região de Resende nunca ocupará o lugar de maior produtora de café da Província do Rio de Janeiro.  Resende foi grande centro produtor, mas não o maior. Mesmo que no início do século XIX, seja a Vila de Resende o centro irradiador do café, espalhando-o por todo o Vale do Paraíba, será Vassouras, Valença, Paraíba do Sul, Barra Mansa e Piraí que possuirão as maiores fazendas e também a maior produção no conjunto. Pois Resende tinha sua estrutura ajustada em pequenos, médios e grandes proprietários.
Feito então num estudo sobre quantidade de propriedades para região de Resende mostrou-nos da importância específica da pequena e média propriedade cafeicultora na dinâmica econômica da região bem como sua coexistência com as grandes propriedades monocultoras de café com seus planteis numerosos de braços escravos.  Chama-nos a atenção uma declaração no registro de atas da Câmara Municipal de Resende em 1873:
 “... no Município de Resende há mui poucos grandes lavradores ,é talvez o Município da Província do Rio de Janeiro onde  propriedade  territorial se acha mais bem dividida e, por conseqüência , onde se encontra maior número de pequenos produtores...”[6]
Apresentamos assim para Resende, um perfil de sociedade não bipolarizada, diferente do apresentado pela historiografia tradicional em estudos de outras regiões, já que no caso de Resende havia uma considerável população de homens livres em relação aos escravos, como podemos observar nos estudos comparativos entre os três municípios de maior expressão na região do Vale do Médio Paraíba. Através do Recenseamento da População da Província do Rio de Janeiro de 1850.[7]
Quem nos dá algumas características das terras resendenses por volta do período estudado é o Almanaque Laermmert :
Sobre um terreno notavelmente accidentado, cujo solo em sua maxima parte se pode chamar argilo-ferruginoso, o município de Rezende produz o melhor café , excellente canna de assuçar, cereaes e legumes de toda espécie.  Nas planuras do Itatiaya abundão as pastagens nativas, offerecendo assim recurso naturaes para a criação de toda espécie de gado; algumas fructas da Europa como maçã , o marmelo [...] .”[8]
 É importante destacarmos também que em outro trecho do mesmo almanaque ele nos traz notícia do plantio de parreiras cuja produção de uvas era abundante, e que houve algumas tentativas de produção de vinho, que se assemelhava ao do Rheno só que muito mais aromático segundo os editores do almanaque.
Do núcleo urbano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, esta era vista em destaque por suas três colinas, cada uma com o seu templo a Matriz, Rosário e Senhor dos Passos. À margem esquerda do Rio Paraíba do Sul e em frente ao núcleo urbano encontra-se o bairro de Campos Elíseos que se ligava à cidade por uma ponte de madeira, neste bairro estava também localizada a estação da linha de Ferro D. Pedro II que ligava o município à corte.  Nesse período estimava-se que o número de habitantes da freguesia da “Cidade” era de 2.400 habitantes, que residiam numas 430 casas, construídas sem muita opulência.  O interessante é que ao estudarmos estes relatos vimos que muitas casas eram remanescentes do período inicial da constituição da Vila de N. S. da Conceição do Campo Alegre, pois nos foi relatadas da seguinte forma pelo autor do almanaque “[...] bem pouco sólidas, pelo uso ainda em voga dos antigos e condemnados baldrames de madeira[...]”[9].  Os edifícios que mais se destacavam eram a Matriz de N. S. da Conceição , o edifício da Câmara e Cadeia e a Santa Casa da Misericórdia localizada no bairro do Lavapés, o mais antigo bairro da cidade.
Por esta época no município, as organizações que mais se destacavam eram as ligadas à Igreja como as irmandades do Santíssimo Sacramento, Boa-Morte, São Miguel e Almas, Rosário , Senhor dos Passos e Nossa Senhora Aparecida do Pirapitinga (área rural). Havia ainda outras sociedades tais como a Sociedade Musical Dramática Esmeralda e a Musical Literária Aurora. A Maçonaria em Resende era representada pela Augusta e Respeitável Loja Lealdade e Brio, fundada 12 de dezembro de 1870 logo depois do conflito com o Paraguai[10]. Formada por elementos da sociedade com fortes influências tanto na sociedade local bem com em termos da região e até mesmo da província do Rio de Janeiro. Há registros ainda da existência de uma outra Loja Maçônica, que foi a pioneira em Resende, a “Ypiranga” fundada em 1832.
Resende: a guerra e seus Voluntários da Pátria.
Ao correr da legislatura do ano de 1864, quando se inicia o conflito da Tríplice Aliança a câmara Municipal era compostas pelo Presidente Coronel da Guarda Nacional Fabiano Pereira Barreto[11], Ten. Coronel João Batista Brasiel, Jose Maria de Oliveira, Manoel Dias Carneiro, Modesto Baptista Roquette,Dr. Joaquim Augusto Ribeiro da Luz, Joaquim Rodrigues Antunes, Domingos Alves Ramos e Jose Joaquim da Silva e Sá.  Neste ano segundo João Maia a câmara conseguiu o alistamento e a expedição de 38 voluntários, fato que gerou por parte da presidência da Província um elogio por relevantes serviços prestados, sendo citado o Vereador Modesto Baptista Roquette por conseguir o alistamento de grande número de voluntários.  Já no ano de 1865, Resende é citada entre as cidades da província que mais contribuíram no fornecimento de praças destinados a campanha do sul. Estes homens foram formar o contingente do 8º Corpo de Voluntários da Guarda Nacional[12].  
A Resende dos anos de 1865 segundo o Almanack Laemmert  tinha as seguintes aspectos característicos:
“ A Cidade de Rezende, situada à margem direita do Rio Parahyba[...] conta em seu seio 316 propriedades, das quaes 17 sobrados,6 casas nobres e 293 terreas. Entre os sobrados occupão distincto lugar o da viúva Martins, no largo da Matriz, e o do Dr. Antonio de Paula Ramos, no largo da Constituição: entra as casas nobres são dignas de menção a de J. de Castro Pompéia, na rua das Flores; a de J.B.Brasil, na ladeira do Lava-pés [...]  Tem ao todo treze ruas, entre as quaes sobresahem  as do Lava-pés, Rosário, Direita e Formosa.  A margem esquerda do rio ficão  os Campos Elysios em frente a cidade, ligados a esta por uma boa ponte de madeira construída a expensas do povo [...] Os edifícios públicos principais são a matriz, uma das melhores da província, mas que demanda séria attenção do governo afim de se não perder tão boa obra, visto que as torres ameação ruína: a cadêa e casa da câmara ,jury  e audiências em um só edifício de bella apparência, mas pouco seguro quanto às prisões [...].”[13]
Ainda neste ano a Câmara Municipal de Resende convocou uma sessão extraordinária que ocorreu em 24 de janeiro apresenta providência desta casa legislativa em prol do Império. È  interessante notar que o Dr. João Maia nos apresenta no correr do texto de proposições da câmara um relato bem fiel de mais umas características de Resende:
            “ ...Se o nosso município não é dos mais ricos e populosos e carece de braços para lavoura, nem por isso é menos brioso para ceder a qualquer outro em dedicação e patriotismo. ...” [14]
É importante relembrarmos que este relato corrobora com a questão da distribuição da renda bem como com as questões ligadas aos trabalhadores da lavoura, onde sabemos que os números de escravos em Resende eram bem menores que das demais cidades do Vale do Paraíba fato que não afetou seu posicionamento com uma das grandes produtoras de café.
 Em 24 de Janeiro de 1865 a Câmara Municipal de Resende não querendo ficar fora dos acontecimentos de ordem da política externa do país se reuniu em sessão extraordinária, onde o presidente da casa legislativa fez o seguinte pronunciamento:
  “ Diante dos graves acontecimentos que se passam no Rio de Prata  o município de Rezende não deve conservar-se em atitude indiferente.”[15]
A partir desta fala a Câmara esta procurando engajar-se num serviço de buscar e alistar o máximo possível de voluntários para compor as força Imperiais nas operações de guerra  contra  o Paraguai. Fez-se a nomeação de uma comissão constituída de 8 membros entre parlamentares da casa e cidadãos.  Aos nove dias do mês de fevereiro outra reunião procura dar mais ênfase e fomentar o ânimo dos munícipes fazendo a seguinte conclamação pública:
 “3ª – [...] Que mande afixar nos logares mais públicos da cidade e freguezias do termo, uma proclamação convidando os seus municipes a tomarem armas em defeza da pátria ultrajada pelo estrangeiro. [...]”[16]
A partir destes atos de conclamação a municipalidade, a sociedade responde fazendo o alistamento junto a Câmara de 16 voluntários em primeira leva, que segundo João Maia: “...embarcaram, seguindo pelo Parahyba até Barra do Pirahy e d´ahi ao Rio de Janeiro pela Estrada de Ferro Pedro II.”  Registra ele também que a fala do presidente da Câmara aos voluntários foi registrada em artigo do Jornal do Comércio do dia 28 de Janeiro de 1865, que teve como título “ Rezende . A primeira partida dos Voluntários.
“Senhores Voluntários! Quando os defensores da fé cingião a armadura diante dos altares para vingarem seus [corpos] abatidos as margens do Cedron, trazião nas espada a imagem de uma cruz. Indo vingar nossa honra nas margens do Paraguay vós levais o emblema da pátria n´uma bandeira, que é ao mesmo tempo a cruz das nações e o evangelho do soldado. A causa da fé e da honra confundem-se diante de Deos, como a religião confunde-se com a liberdade na philosofia sublime do christianismo. O anjo que inspirou Godofredo lo é, pois, o mesmo que afia o gume de vossa espada. Confia na Providência. O soldado na peleja é a expressão mais gloriosa do direito, porque elle é a consciência da razão pública acrysolado pela virtudo do martyrio.  Nesse lugar o súdito sobe ao nível ao nível do rei e o homem desaparece nas alturas do prodígio. Os semideuses coroarão-se no templo da batalhas: Alexandre e teus discípulos tirarão da mesma academia os seus pergaminhos. Não há clarão da virtude mais deslumbrante do que esse que alumia oferta do próprio sangue nos holocaustos da honra vilipendiada.  Nesse dia o homem parece Deos, porque só elle foi capaz do mais caro dos sacrifícios pela mais sublime da redempções. Voluntários, ide e immortalisai-vos!”[17]
A partida foi descrita no artigo citado do Jornal do Commércio que nos traz o fato de uma maneira muito detalhada que vale pena transcrevê-la para sentirmos o grau de emoção e patriotismo com que a sociedade se propôs de forma espontânea a defender a pátria pondo-se ao sacrifício seus jovens voluntários. E assim nos relata o jornal :
“A festa do patriotismo em todos os tempos forão animadas e concorridas, mais nem uma attingio ainda as proporções sublimes que nesta cidade tornou o primeiro embarque de voluntários , que teve lugar no dia 28 do corrente. O provo cobria a extensa ponte do rio Parahyba e o porto onde estava a barca elegantemente embandeirada para receber o punhado de bravos, que vão vingar as offensas da pátria.  No meio deste comício brilhante destacava-se um lindo grupo de senhoras vinhão misturar  seus brindes de despedida com as lágrimas de saudades, ao som das notas empolgantes do hynno de guerra, composto pela mão do Sr. Campos, pelo talento artístico do Sr. Ferreira Martins. A voz mimosa das jovens Eugênia Cândida do Prado Ramos, Arminda Baptista Roquette e Januária Amélia Carneiro do Prado[18], que entoarão aquellas copia repassadas do ardor guerreiro,à margem de um rio formoso, que pela primeira vez abria o largo seio para abraçar os soldados do povo e levá-los ao campo de honra, as salvas que conduzião as florestas das serrania os echos daquelle drama pungente;os lenços que se agitavão de todas as janellas  e o chuveiro de flores que cahia sobre a cabeça altiva dos voluntários formados em linha, dão a medida do quanto aquella scena emocionante e triste. O mais jovem dos voluntários, no momento em que seu velho tio e pai adoptivo lhe lançara a benção, cahio de joelhos a seus pés, o encheu de lágrimas o colo daquelle que lhe havia cuidado de existência! Para entregá-la tão cedo a voracidade dos canhões. Que quadro deslumbrante , e que abnegação sublime . Quantas virtudes deste quilate o patriotismo brazileiro terá registrado chronica obscura do povo tem um padrão vivo que o apregoe! Dahi a instantes o bravo mancebo saltava sobre a barca, e todos o vião de olhos vivos e de rostos animados respondendo aos aplausos da multidão: honra ao jovem Jose Alberto Corrêa,assim aguçava a coragem de seus companheiro de glória! O presidente da Câmara Muncipal saudou com entusiasmo S. M. Imperador, a nação brazileira e os bravos voluntários de Rezende,dirigindo-lhes uma allocução nos termos [...] do município, e abraçou com efusão cada um delles, fazendo o mesmo o Comandante Superior da Guarda comandante Dr.Barreto.
Nesta hora a senhora  do Dr. Maia a cada um dos voluntários com um lenço fino e bordado em cujo centro havia o emblema de uma coroa imperial defendida por duas bandeiras com o dístico seguinte: -- Aos Voluntários de Resende a pátria agradecida.”


O Comendador Fabiano Barreto, Coronel Comandante da Guarda Nacional, o Dr. Pedro Ramos da Silva vereador da Câmara, o Tenente-Coronel Luiz da Rocha Miranda Sobrinho[19], comandante do Esquadrão de Cavalaria da Guarda Nacional se oferecem para irem aos campos de batalha, mas além deles a gente simples do povo.
Fato é que estudantes como Eugênio Brandão do Vale com apenas com 18 anos, artífice como Francisco Miranda de Oliveira, o Alferes João Rodrigues Godoy Lobo, lavrador; e simples trabalhadores tal qual José Ortiz, funcionários públicos como Jose dos Santos Dias Carneiro, todos como um entusiasmo patriótico procuraram a Comissão de Alistamento e se inscreveram para o serviço militar voluntário rumo aos campos de batalha do Prata.
            A sociedade resendense através de suas damas de maior destaque procurou confeccionar as fardas dos Voluntários e acompanhara-nos até a partida no porto do rio Paraíba como já havíamos visto pela notícia do Jornal do Commercio. Elas teceram também a Bandeira dos Voluntários de Resende destinada a coluna dos voluntários da terra, entregando- à guarda do Voluntário Paulino Gomes Jardim. A Banda Garibaldina animou o ato cívico executando o Hino dos Voluntários Resendenses cuja letra foi composta por Jacome  de Campos e música do maestro Manoel Martins Ferreira. Em primeira leva como já vimos foram 16 voluntários remetidos ao serviço de guerra sob o comando do Alferes Godoy Lobo da Guarda Nacional, sendo que o município colaborou com 250 homens para o Exército Imperial em operações no teatro do Rio da Prata.
            A Guerra caminha e chega às notícias sobre a perda em combate dos voluntários Francisco Ferreira, Antonio Candido Nogueira e de Antonio Felipe de Castro.  E a guerra com seus reveses levam a mais e mais voluntários num total de 40 soldados voluntários oriundos de Resende que  tombaram nos campos de batalha do conflito com Paraguai.
Ao término do conflito a cidade como todo o Império festeja em delírio não só a vitória, mas o regresso dos primeiros voluntários como Godoy Lobo e Jose Dias Carneiro, promovidos ao oficialato e a patente de capitão por ato de bravura em combate, condecorados ainda com a comenda da Ordem Imperial da Rosa[20] e do Hábito de Cristo[21]. A bandeira que foi entregue a Paulino Gomes Jardim quando da partida dos voluntários foi um relicário nas mãos dos jovens soldados que de retorno dos árduos combates trouxeram-na de volta a terra natal como marco indelével da bravura patriótica das tropas voluntárias no conflito como um todo.
Assim procuramos relatar um pouco da história dos intrépidos soldados conterrâneos resendenses que participaram do maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul cuja participação dos voluntários de Resende como os demais de tantos rincões do Brasil foi de dimensões épicas, pois houve na maioria dos casos a transformação de lavradores simples, trabalhadores e funcionários públicos em soldados com grande sentimento pátrio.


  
Fig.1: Cabo brasileiro desconhecido que pertencia ao 1° Batalhão de Voluntários da Pátria, infantaria pesada, 1865 SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai: Memórias & Imagens. Biblioteca Nacional.2003

  
 Referências Bibliográficas:
Atas CMR(Câmara Municipal de Rezende- Arquivo Histórico Municipal) – 1865 -1866 -1867-1868- 1870
Arquivo Público de Resende, Fundação Casa de Cultura Macedo Miranda, acervo documentação da Câmara Municipal de Resende.

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Cerqueira, Dionísio. Reminiscências da campanha do Paraguai, 1865-1870. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1980

Chiavenato, Júlio José. Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Círculo do Livro, 1988. 224p.

Doratioto, Francisco. O conflito com o Paraguai: a grande guerra do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 1996. 112p. il. mapas. ISBN 8508057997

____________. Maldita guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.


Maia, João de Azevedo Carneiro. do Descobrimento Do Campo Alegre À Criação Da Vila De Resende. [ S.Ed] , 1886.

________. Notícias Históricas e Estatísticas do Município de Resende desde A sua Fundação . Rio de Janeiro, 1891 .



Whately,Maria Celina, O Café em Resende no Século XIX, Ed.José Olympio, Rj, 1987.

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Teles, Paulo de Queiroz .Os Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai, Volume Dois –Tomo II – O Comando de Osório. Biblioteca do Exercito Editora: Rio de Janeiro: 1983.






[1] Mestre em  História Social(USS) Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, da Academia Resendense de História, membro do IEV, Economista :Professor de História Econômica Geral, História do Pensamento Econômico, Formação Econômica do Brasil, Economia Brasileira ,Política e Planejamento Econômico, Economia e Mercado (UGB-VR).
[2] Forjaz ,Cláudio Ricardo Herl, Espada de Caxias –Rio de Janeiro 2005, p-197.
[3] Milanesi ,Dalcio Arélio. Sobre a Guerra do Paraguai in Revista Urutágua (CESIN-MT/DCS/UEM)nº5
Maringá – PR ISSN 15196178 http://www.urutagua.uem.br/005/06his_milanesi.htm acessado em 22/8/2008 17:43.
[4] Chiavenatto,J.J. Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai . Ed.Brasiliense –SP 1981.
[5] Elevação da Vila à Cidade de Rezende: Decreto 438 de 12/07/1848 com a promulgação pela Assembléia Provincial no dia : 6/07/1848. A resolução foi sancionada a 12/07/1848, pelo Chefe do Governo Províncial (Visconde de Barbacena). Foi publicada na imprensa oficial no dia 13/07/1848. Fonte: acervo documentação da Câmara Municipal de Resende – 1848.
[6] Ata  Câmara Municipal de Resende -1873.
[7]  Arquivo Relatório estatístico da Província do Rio de Janeiro , 15 de abril de 1851
[8] Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende, p.125.
[9] Idem, Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende.
[10] Lembro-me que quando garoto meu pai que é maçon gostava de me mostrar as espada guardadas na Loja Leal --dade e Brio que pertenceram aos resendenses e maçons que lutaram no conflito de 1864-1870.
[11] Comandante da Guarda Nacional em Resende Comendador da Ordem de Cristo e da Imperial Ordem da Rosa.
[12] 8º Corpo de Voluntários da Pátria – Província do Rio de Janeiro foi formado com contingente fluminense, sergipanos e alagoanos sob o Comando do Tenente-Coronel da Guarda  Nacional Francisco Félix de Freitas Barreto e Fiscal o Major Porfírio de Castro Araújo.O 8º Corpo foi designado para o Rio Grande do Sul, sendo incluído na 3ª Brigada, do Coronel de Artilharia Higino José Coelho. Contava com a 2ª Divisão de Infantaria comandada pelo Brigadeiro Joaquim José Gonçalves Fontes.( Teles, Paulo de Queiroz .Os Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai, Volume Dois –Tomo II)

[13] Fragmento de descrição no Almanack Laemmert de 1865 p.264
[14] Maia,João de Azevedo Carneiro - Notícias Históricas e Estatísticas do Município de Resende desde A sua Fundação . Rio de Janeiro, 1891.p298
[15] Maia, João de Azevedo Carneiro. do Descobrimento do Campo Alegre À Criação da Vila De Resende. [ S.Ed] , 1886.p-292

[16] Idem,pag.300
[17] Jornal do Commércio . terça-feira ,28 de fevereiro de 1865. 1ª página ,7ª coluna .Rezende – A primeira partida dos voluntários. Acervo Fundação Biblioteca Nacional – Brasil.
[18] Januária Amélia do Prado Carneiro, n. 15-VIII-1852 (f 12-XII-1936), em Resende com 84 anos. Eximia pianista resendense. Família do Visconde dos Saltos – Antonio José Dias Carneiro.
[19] Luiz da Rocha Miranda Sobrinho(Barão de Bananal),Tenente-Coronel da Guarda Nacional, Comandante do 11º Corpo de Cavalaria da Província - Guarda Nacional composto de 4 companhias.
[20] A Imperial Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira. Foi criada em 27 de fevereiro de 1829 pelo imperador D. Pedro I (1822 — 1831). A ordem premiava militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se distinguissem por sua fidelidade à pessoa do Imperador e por serviços prestados ao Estado.
[21] Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma antiga ordem honorífica brasileira, originada a partir da portuguesa Ordem Militar de Cristo, a qual por sua vez remonta à medieval Ordem de Cristo. Foi a segunda ordem imperial brasileira com mais titulares, logo atrás da Imperial Ordem da Rosa, e premiava tanto militares quanto civis.
E a Ferrovia chegou! Resende e a Estrada de Ferro Dom Pedro II
Julio Cesar Fidelis Soares[1]
Este estudo mostra a importância na economia agroexportadora cafeeira no município de Resende, que se beneficiando da conjuntura favorável daquele momento, coloca o café como centro dinâmico da sua atividade econômica, atraindo as forças econômicas - capitais e mão de obra - e provocando mudanças em todos os outros principais setores da sociedade, conseguindo trazer a mais moderna tecnologia do século XIX, a ferrovia, para melhor distribuição da riqueza de suas regiões operando mais uma vez mudanças na constituição das classes sociais, com o declínio de umas e a ascensão de outras.
Palavras-Chave: Café - ferrovia - economia - sociedade




O Brasil no século XIX era um grande produtor de produtos primários que acabavam indo parar na Inglaterra para negociar com resto do mundo.  Assim era necessária a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II(1858), pois o país necessitava dar escoamento à produção dos produtos agrícolas destinados à exportação e ao abastecimento interno das Províncias do Rio de Janeiro,São Paul e Minas Gerais. A idéia precursora remonta ao dia 1º de julho de 1839, quando o médico Thomaz Cochrane requereu a Assembleia Brasileira o privilégio exclusivo para organizar uma companhia que construísse uma linha férrea cujo traçado, começando na Pavuna e subindo a Serra do Mar, chegasse até Vila de Resende, acompanhando a margem do rio Paraíba. Mesmo tendo conseguido, em 1840, a concessão, Cochrane teve seu contrato rescindido, pois segundo historiadores solicitou adiantamentos de recursos e o projeto não teve andamento.
Somente após 15 anos a Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II, feita aprovação de seus Estatutos ficou constituída a Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II . Em agosto do mesmo ano, sob a direção do engenheiro Christhiano Benedicto Ottoni, foram iniciados os trabalhos de construção. O projeto previa uma via férrea que atravessasse alguns municípios próximos à Capital, seguisse pelo Vale do Paraíba e, daí as Províncias de São Paulo e de Minas Gerais através dos ramais. Foi inaugurada em 29 de março de 1858, com trecho inicial de 47,21 km, da Estação da Côrte a Queimados, no Rio de Janeiro. Esta ferrovia se constituiu em uma das mais importantes obras da engenharia ferroviária do País, na ultrapassagem dos 412 metros de altura da Serra do Mar, com a realização de colossais cortes, aterros e perfurações de túneis, entre os quais, o Túnel Grande com 2.236 m de extensão, na época, o maior do Brasil, aberto em 1864. Vencidos os maciços rochosos da Serra do Mar, a linha se bifurcou. O ramal chamado Linha do Centro seguiu em direção a Entre Rios (atual Três Rios). O ramal denominado Ramal de São Paulo, seguiu em direção ao Porto de Cachoeira (atual Cachoeira Paulista), atingindo-o em 20 de julho de 1875.
  O primeiro trem de passageiros chega a Barra do Piraí a 9 de agosto de 1864. A ferrovia trás furor, é o progresso, assim segundo Whately(1987) o engenheiro Ottoni ,diretor da estrada de ferro publica no Jornal do Commercio  uma circular solicitando aos fazendeiros uma subscrição pública para terminar a 4ª seção e dizia:
“Não podendo o governo do nosso país já  e já prolongar a 3ª e 4ª secções da Estrada de Ferro Pedro II ,nem convindo suspender a continuação dos trabalhos pela perda do serviço já organizado,e que demorará talvez muitos anos a realização de um benefício vivamente reclamada pela rica lavoura desta e das províncias de Minas e São Paulo, resolvi fazer  a declaração impressa no Jornal do Commercio de 1º do corrente , na qual aponto os meios práticos de levar ao cabo obra de tamanha importância e para a qual chamo toda atenção de V.S. . A principal dificuldade consiste no alevantamento de capitais preciosos para a conclusão das obras e para este fim invoco diretamente a coadjuvação valiosa de V.S. na convicção de que se prestará a promover a reunião de pessoas de seu município e paróquias que se encarreguem de distribuir o maior numero possível de ações, de modo a poder juntar-se o capital indispensável. Nesta Corte, achar-me-á V.S. sempre pronto a receber suas ordens e disposto a empregar toda energia em facilitar os meios de levar ao fim a 3ª e 4ª secções de Estrada de Ferro Dom Pedro II,como muito convém à nossa Pátria e especialmente a este município . Sou com estima e consideração.”  C.B.Ottoni[2]

Tal chamamento não ficou sem resposta em Resende reunia a Comissão Municipal de Resende, compostas por notáveis como Dr. João Carneiro de Azevedo Maia, Francisco de Sousa Ramos, Domingos Gomes Jardim, Coronel GN Fabiano Barreto e Antonio Jose Dias Carneiro e se organizaram para gerenciar subscritores para financiar a grande obra, ligar Resende a Corte.
Este era um sonho que perambulava em algumas mentes resendenses desde o início do projeto e ainda mais quando os trilhos  da ferrovia chega em 1864 a Barra do Piraí, destaca-se dentre todos a figura do Alferes GN  Joaquim Antunes, amigo de Chisthiano Ottoni e compadre de Mariano Procópio, que era engenheiro chefe do serviço de locação. O Alferes desdobra-se em ações, palestras, viagens a Côrte, pois para ele a ferrovia é o progresso o futuro sobre trilho.
O Alferes Antunes na certeza de que os trilhos da Ferrovia Dom Pedro II chegaria e iria passar pelos Campos Elíseos, tratou de providenciar sob seu custo ao longo do traçado da via férrea uma rua que solicitou à Câmara que desse o nome de seu compadre Mariano Procópio e assim se fez. E faz mais doa 22 hectares de terra para o município a fim de preparar a cidade para o progresso com a abertura de novos logradouros próximo a passagem do trem.
E o certo é que no dia 27 de Outubro de 1872 irrompe pelos trilhos a verdade, a locomotiva denominada Exploradora que atravessando o pontilhão do Surubi,cuja construção segundo Maia(1891) teve sua obra iniciada em 1871 e que em ainda não estando totalmente pronta,a locomotiva Exploradora teve que transpor pela primeira vez o rio Paraíba através a serviço de lastros indo até o sítio dos Portinhos e  chega ao seu ponto final a Gare de Rezende.


Fig.1 – Foto de uma Máquina Baldwin típica da década de 70 do século XIX,é provável que as que operavam na E.F. D.Pedro II fossem bem parecidas com esta imagem.
A 19 de fevereiro de 1873 com a obra toda pronta, passa pela ponte do Surubi a Locomotiva Petrópolis[3], não segue, pois a obra da ferrovia ainda estava em andamento quando à ligação a estação de Boa Vista, obra esta que teria seu final em 1874. Ainda em 1874 se fez necessária em função da intensidade do tráfego na ferrovia a criação de uma estação intermediária entre Resende e Boa Vista e aí se resolveu construir a estação de Campo Belo. Tal estação segundo Bopp deveria ser construída na altura da Fazenda Itatiaia de propriedade do Comendador Rocha Leão, pois este se ofereceu a doar as terras para construção da Gare. Em função da freguesia de Sant’Anna dos Tocos ser grande centro de atividade econômica no campo da produção agrária com grande produção de café, fumo e outros cereais é que se achou por bem em maio de 1875 construir a estação de Nhangapi, região entre Campo Belo e Boa Vista, hoje respectivamente Itatiaia e Engenheiro Passos.
Nos idos da década de 1870 segundo o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial Laemmert o município de Resende era importante e estava ávido a receber as benesses do progresso pois tinha uma população de 25.000 habitantes divididos por suas freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre, São Jose do Campo Bello, Senhor Bom Jesus do Ribeirão de Sant`Anna, Santo Antonio da Vargem Grande e São Vicente Ferrer.  O almanaque ainda nos dá algumas características das terras resendenses :
“Sobre um terreno notavelmente accidentado, cujo solo em sua maxima parte se pode chamar argilo-ferruginoso, o município de Rezende produz o melhor café , excellente canna de assuçar, cereaes e legumes de toda espécie.  Nas planuras do Itatiaya abundão as pastagens nativas, offerecendo assim recurso naturaes para a criação de toda espécie de gado; algumas fructas da Europa como maçã , o marmelo [...] .”[4]
 É importante destacarmos também que em outro trecho do mesmo almanaque ele nos traz notícia do plantio de parreiras cuja produção de uvas era abundante, e que houve algumas tentativas de produção de vinho, que se assemelhava ao do Rheno só que muito mais aromático segundo os editores do almanaque.
Do núcleo urbano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, esta era vista em destaque por suas três colinas, cada uma com o seu templo a Matriz, Rosário e Senhor dos Passos. À margem esquerda do Rio Paraíba do Sul e em frente ao núcleo urbano encontra-se o bairro de Campos Elíseos que se ligava à cidade por uma ponte de madeira, neste bairro estava também localizada a estação da linha de Ferro D. Pedro II que ligava o município à corte.  Nesse período estimava-se que o número de habitantes da freguesia da “Cidade” era de 2.400 habitantes, que residiam numas 430 casas, construídas sem muita opulência.  O interessante é que ao estudarmos estes relatos vimos que muitas casas eram remanescentes do período inicial da constituição da Vila de N. S. da Conceição do Campo Alegre, pois nos foi relatadas da seguinte forma pelo autor do almanaque “[...] bem pouco sólidas, pelo uso ainda em voga dos antigos e condemnados baldrames de madeira[...]”[5].  Os edifícios que mais se destacavam eram a Matriz de N. S. da Conceição, o edifício da Câmara e Cadeia e a Santa Casa da Misericórdia localizada no bairro do Lavapés, o mais antigo bairro da cidade.
Mas na Resende nos idos da década 70 do século XIX nem tudo eram alegrias pela chegada da ferrovia as navegações foi uma vítima. Achamos no editorial do jornal Astro Rezendense[6] afirmando que era uma realidade a chegada da ferrovia, mesmo porque já se tinha a autorização para se programar um braço da Estrada Dom Pedro II, a Estrada de Ferro de Rezende a Arêas(ou Rezende-Bocaina). E alertava o editorial que a atividade de navegação fluvial empregava trezentos braços e alimentava mil e quinhentos indivíduos e a partir do aparecimento das ferrovias tal atividade estava desaparecendo o que causou um grande golpe nos trabalhadores que o editor chamou de “população fluctuante”. Em outro aspecto o editorial vai mais longe dizendo que Resende era um centro de parada e transito das pessoas que iam e viam da corte para interior e vice versa e que ao findar esta atividade que era complementar na estrutura de transportes fez cessar completamente tal atividade gerando um golpe que o autor classifica como “mortal” para economia da região, gerando do ponto de vista imobiliário queda de aluguel e desvalorização dos imóveis.
Dentre os reclames sobre a chegada da ferrovia existe um que publicado em Outubro de 1872 demonstra bem como realmente afetou a economia local. O Major da Guarda Nacional João Baptista Brasiel diz em editorial:
“ É incontestavelmente uma grande alavanca de progresso a communicação dos centros  de producção para o litoral por via férrea;é também uma verdade incontestável que a estrada de ferro de D. Pedro II não tenha trazido ao paiz o beneficio que a lavoura e o commercio tem o direito de esperar de um melhoramento dessa ordem.  Três são as principais questões econômicas que devem ser resolvidas favoravelmente pelo transporte  por uma via férrea :  1ª diminuição do preço do frete; 2ª brevidade no transporte; 3ª bom acondicionamento nos gêneros para não soffrerem avarias ou qualquer deterioramento em suas qualidades.  Teremos conseguido todos estes melhoramentos ou ao menos alguns delles com a via férrea  D. Pedro II? (sic)

Fonte: Arquivo  Histórico  Municipal –Resende-RJ
De outro modo vemos como a ferrovia ajudou a melhorar o transporte da maior riqueza da região, o café, e isto é o que nos diz  a Ata da Câmara Municipal de Resende datada do mês de setembro de 1875.
“Considerando um terço desta exportação pertencente à Província de São Paulo,segue –se que Resende concorria com 2.727.502 Kg . De 1º de janeiro a 30  de setembro último a exportação foi de 2.299.640 Kg , faltando ainda o quarto e o último trimestre com o qual se elevará sem dúvida a 3.000.000 Kg . Atendendo,pois,à área cultivada , ao pessoal empregado na  lavoura e à exportação conhecida,pensa a Comissão que a exportação anual do município deve ser de 8.600.000 Kg pelo menos, sendo toda ela para o mercado da Côrte.”[7]
Não há duvidas que a ferrovia trouxe com todo seu aparato uma nova dinâmica econômica,social e cultural para esta região que por muito tempo foi chamada dos sertões de serra acima lugar ermo de sociedade conservadora tradicional avessa ao progresso que veio através do trem de ferro monumento inquebrável da nova economia que queria mais e mais, que não perde tempo na lentidão bucólica das cargas em lombo de tropas, no romântico transporte fluvial que marcou toda uma época. Agora devemos entender que o café e seus elementos do progresso não deu ao Vale do Paraíba o desenvolvimento econômico, trouxe sim o crescimento econômico enquanto durou os cafezais, entretanto, a ferrovia legado da produção fez a integração de Resende aos grandes centros bem como com todo o Vale do Paraíba.


Referências Bibliográficas:
Arquivo Público de Resende, Fundação Casa de Cultura Macedo Miranda, acervo documentação da Câmara Municipal de Resende.
Jornal Astro Resendense de 15 de junho de 1873.
Jornal Astro Resendense de 13 de Outubro de 1872.
BOPP, Itamar.  Casamentos na Matriz de Resende.  Instituto Genealógico Brasileiro, 1971.
____________. Notas Genealógicas.  São Paulo: Gráfica Sangirardi, 1987.
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SODRÉ, Alfredo.  Resende, os cem anos da cidade. 1901.S.ed.
VASCONCELOS, Clodomiro de.  As estradas antigas de transporte de café no Estado do Rio. In: O café no segundo centenário de sua introdução no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1944. V. 2.
VIANA, Oliveira.  Hegemonia do Vale do Paraíba. In: O Café no segundo centenário de sua introdução no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1934. V. 2.
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  _________, Maria Celina. Resende, a cultura pioneira do café no Vale do Paraíba. Niterói-RJ: Gráfica La Salle, 2003.
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Referências telematizadas:
Almanaque Laemmert. 1845-1885.  Brazilian Government Document Digitization Project. Disponível em: <www.crl.edu/content/almanak2.htm>.
http://www.aglimpse.com/images/tr/tr419.jpg BALDWIN LOCOMOTIVE WORKS. Ca. 1870's 5" x 8" albumen image on 7" x 10" mount. Printed text of Baldwin Locomotive Works, Burnham, Parry, Williams & Co. Philadelphia. Broadside view of the "Meteor" of the L.I.R.R. (Long Island R.R.), along with its tender. Beautiful view, slight edge chipping at corners. (Tr.419)acessado em 25/03/12.



[1] Professor Mestre em História Social, Economista, membro do IEV-Lorena-SP, da Academia Resendense de História e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Professor do Centro Universitário Geraldo Di Biasi – Volta Redonda.RJ / Professor do Instituto Tereza D’Ávila – UNISAL – FATEA – Lorena.SP
[2] Jornal do Commercio 2 de Setembro de 1866, reproduzida pelo Astro Rezendense.
[3] Neste ponto existem discrepâncias  pois segundo o Cel. Alfredo Sodré: “o certo é que em fevereiro de 1873, a primeira locomotiva a Princesa Imperial – alcançava, silvando estrepitosamente, a estação de Resende, em Campos Elíseos”.In : Resende, os cem anos da cidade. Jornalista, Maçon,Coronel da Guarda Nacional, foi editor do jornal “O Tymburibá”, redator do jornal “A Lira”, primeiro prefeito eleito de Resende em 1922,Tabelião do 1º oficio de notas e  Provedor da Santa Casa de  Misericórdia.Condecorado pelo Grão Mestre Geral da Ordem com Medalha de Ouro de Benemérito da Ordem.(é1865U1955).
[4] Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende, p.125.
[5] Idem, Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende.
[6] Jornal Astro Resendense de 15 de junho de 1873 ed.Nº.4 Anno VIII - Arquivo Histórico Municipal.
[7] Coleção Atas da Câmara Municipal de Resende- ano 1875- Arquivo Histórico Municipal.