sábado, 18 de abril de 2015

Resende e a Estrada de Ferro Dom Pedro II um segundo estudo.

Palavras-Chave: Café - ferrovia - economia - sociedade

O Brasil no século XIX era um grande produtor de produtos primários que acabavam indo parar na Inglaterra para negociar com resto do mundo.  Assim era necessária a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II(1858), pois o país necessitava dar escoamento à produção dos produtos agrícolas destinados à exportação e ao abastecimento interno das Províncias do Rio de Janeiro,São Paul e Minas Gerais. A idéia precursora  remonta ao dia 1º de julho de 1839, quando o médico Thomaz Cochrane requereu a Assembleia Brasileira o privilégio exclusivo para organizar uma companhia que construísse uma linha férrea cujo traçado, começando na Pavuna e subindo a Serra do Mar, chegasse até Vila de Resende, acompanhando a margem do rio Paraíba. Mesmo tendo conseguido, em 1840, a concessão, Cochrane teve seu contrato rescindido, pois segundo historiadores solicitou adiantamentos de recursos e o projeto não teve andamento.
Somente após 15 anos a Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II, feita aprovação de seus Estatutos ficou constituída a Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II . Em agosto do mesmo ano, sob a direção do engenheiro Christhiano Benedicto Ottoni, foram iniciados os trabalhos de construção. O projeto previa uma via férrea que atravessasse alguns municípios próximos à Capital, seguisse pelo Vale do Paraíba e, daí as Províncias de São Paulo e de Minas Gerais através dos ramais. Foi inaugurada em 29 de março de 1858, com trecho inicial de 47,21 km, da Estação da Côrte a Queimados, no Rio de Janeiro. Esta ferrovia se constituiu em uma das mais importantes obras da engenharia ferroviária do País, na ultrapassagem dos 412 metros de altura da Serra do Mar, com a realização de colossais cortes, aterros e perfurações de túneis, entre os quais, o Túnel Grande com 2.236 m de extensão, na época, o maior do Brasil, aberto em 1864. Vencidos os maciços rochosos da Serra do Mar, a linha se bifurcou. O ramal chamado Linha do Centro seguiu em direção a Entre Rios (atual Três Rios). O ramal denominado Ramal de São Paulo, seguiu em direção ao Porto de Cachoeira (atual Cachoeira Paulista), atingindo-o em 20 de julho de 1875.
fig.1- Estação de Cachoeira Paulista Ramal São Paulo ponto de encontro da ligação ramal paulista e do Rio de Janeiro. Collecção de 44 vistas photographicas da Estrada de Ferro D. Pedro 2.. [foto 39] século XIX.

  O primeiro trem de passageiros chega a Barra do Piraí a 9 de agosto de 1864 logo depois chega a ferrovia à Barra Mansa pertinho de Resende.
 Fig.2 Estação de Barra do Pirahy linha Central importante centro de entroncamento ferroviário.Acervo Biblioteca Nacional.

Fig.3 Estação da Estrada de Ferro D.Pedro II em Barra Mansa. Acervo Biblioteca Nacional.
 A ferrovia trás furor, é o progresso, assim segundo Whately(1987) o engenheiro Ottoni ,diretor da estrada de ferro publica no Jornal do Commercio  uma circular solicitando aos fazendeiros uma subscrição pública para terminar a 4ª seção e dizia:
“Não podendo o governo do nosso país já  e já prolongar a 3ª e 4ª secções da Estrada de Ferro Pedro II ,nem convindo suspender a continuação dos trabalhos pela perda do serviço já organizado,e que demorará talvez muitos anos a realização de um benefício vivamente reclamada pela rica lavoura desta e das províncias de Minas e São Paulo, resolvi fazer  a declaração impressa no Jornal do Commercio de 1º do corrente , na qual aponto os meios práticos de levar ao cabo obra de tamanha importância e para a qual chamo toda atenção de V.S. . A principal dificuldade consiste no alevantamento de capitais preciosos para a conclusão das obras e para este fim invoco diretamente a coadjuvação valiosa de V.S. na convicção de que se prestará a promover a reunião de pessoas de seu município e paróquias que se encarreguem de distribuir o maior numero possível de ações, de modo a poder juntar-se o capital indispensável. Nesta Corte, achar-me-á V.S. sempre pronto a receber suas ordens e disposto a empregar toda energia em facilitar os meios de levar ao fim a 3ª e 4ª secções de Estrada de Ferro Dom Pedro II,como muito convém à nossa Pátria e especialmente a este município . Sou com estima e consideração.”  C.B.Ottoni[1]

Tal chamamento não ficou sem resposta em Resende reunia a Comissão Municipal de Resende, compostas por notáveis como Dr. João Carneiro de Azevedo Maia, Francisco de Sousa Ramos, Domingos Gomes Jardim, Coronel GN Fabiano Barreto e Antonio Jose Dias Carneiro e se organizaram para gerenciar subscritores para financiar a grande obra, ligar Resende a Corte.
Este era um sonho que perambulava em algumas mentes resendenses desde o início do projeto e ainda mais quando os trilhos  da ferrovia chega em 1864 a Barra do Piraí, destaca-se dentre todos a figura do Alferes GN  Joaquim Antunes, amigo de Chisthiano Ottoni e compadre de Mariano Procópio, que era engenheiro chefe do serviço de locação. O Alferes desdobra-se em ações, palestras, viagens a Côrte, pois para ele a ferrovia é o progresso o futuro sobre trilho.
O Alferes Antunes na certeza de que os trilhos da Ferrovia Dom Pedro II chegaria e iria passar pelos Campos Elíseos, tratou de providenciar sob seu custo ao longo do traçado da via férrea uma rua que solicitou à Câmara que desse o nome de seu compadre Mariano Procópio e assim se fez. E faz mais doa 22 hectares de terra para o município a fim de preparar a cidade para o progresso com a abertura de novos logradouros próximo a passagem do trem.
E o certo é que no dia 27 de Outubro de 1872 irrompe pelos trilhos a verdade, a locomotiva denominada Exploradora que atravessando o pontilhão do Surubi,cuja construção segundo Maia(1891) teve sua obra iniciada em 1871 e que em ainda não estando totalmente pronta,a locomotiva Exploradora teve que transpor pela primeira vez o rio Paraíba através a serviço de lastros indo até o sítio dos Portinhos e  chega ao seu ponto final a Gare de Rezende.

Fig.4 – Foto de uma Máquina Baldwin típica da década de 70 do século XIX,é provável que as que operavam na E.F. D.Pedro II fossem bem parecidas com esta imagem.
A 19 de fevereiro de 1873 com a obra toda pronta, passa pela ponte do Surubi a Locomotiva Petrópolis[2], não segue, pois a obra da ferrovia ainda estava em andamento quanto à ligação a estação de Boa Vista, obra esta que teria seu final em 1874. 

fig.5 - Ponte de Resende ramal de São Paulo Km 189,233 transpunha o Rio Paraíba do Sul, acervo fotográfico Biblioteca Nacional.http://objdigital.bn.br/.../icon381909/icon1151184.htm Fonte: Collecção de 44 vistas photographicas da Estrada de Ferro D. Pedro 2.. [foto 33]
Ainda em 1874 se fez necessária em função da intensidade do tráfego na ferrovia a criação de uma estação intermediária entre Resende e Boa Vista e aí se resolveu construir a estação de Campo Belo. Tal estação segundo Bopp deveria ser construída na altura da Fazenda Itatiaia de propriedade do Comendador Rocha Leão, pois este se ofereceu a doar as terras para construção da Gare.
    Fig.6 Estação de Itatiaia - recebeu o nome de Barão Homem de Melo,ilustre morador de São José de Campo Bello.
 Em função da freguesia de Sant’Anna dos Tocos ser grande centro de atividade econômica no campo da produção agrária com grande produção de café, fumo e outros cereais é que se achou por bem em maio de 1875 construir a estação de Nhangapi, região entre Campo Belo e Boa Vista, hoje respectivamente Itatiaia e Engenheiro Passos, nesta caminho houve a necessidade da construção da Ponte do Salto para se chegar a Boa Vista(hoje Engenheiro Passos).
Fig 7 - Ponte do Salto destino Estação de Boa Vista.Fonte Collecção de 44 vistas photographicas da Estrada de Ferro D. Pedro 2.. [foto 35] Biblioteca Nacional.
Fig.8 - Estação de Boa Vista hoje Engenheiro Passos - Resende -RJ
Nos idos da década de 1870 segundo o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial Laemmert o município de Resende era importante e estava ávido a receber as benesses do progresso pois tinha uma população de 25.000 habitantes divididos por suas freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre, São Jose do Campo Bello, Senhor Bom Jesus do Ribeirão de Sant`Anna, Santo Antonio da Vargem Grande e São Vicente Ferrer.  O almanaque ainda nos dá algumas características das terras resendenses :
“Sobre um terreno notavelmente accidentado, cujo solo em sua maxima parte se pode chamar argilo-ferruginoso, o município de Rezende produz o melhor café , excellente canna de assuçar, cereaes e legumes de toda espécie.  Nas planuras do Itatiaya abundão as pastagens nativas, offerecendo assim recurso naturaes para a criação de toda espécie de gado; algumas fructas da Europa como maçã , o marmelo [...] .”[3]
 É importante destacarmos também que em outro trecho do mesmo almanaque ele nos traz notícia do plantio de parreiras cuja produção de uvas era abundante, e que houve algumas tentativas de produção de vinho, que se assemelhava ao do Rheno só que muito mais aromático segundo os editores do almanaque.
Do núcleo urbano, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, esta era vista em destaque por suas três colinas, cada uma com o seu templo a Matriz, Rosário e Senhor dos Passos. À margem esquerda do Rio Paraíba do Sul e em frente ao núcleo urbano encontra-se o bairro de Campos Elíseos que se ligava à cidade por uma ponte de madeira, neste bairro estava também localizada a estação da linha de Ferro D. Pedro II que ligava o município à corte.  Nesse período estimava-se que o número de habitantes da freguesia da “Cidade” era de 2.400 habitantes, que residiam numas 430 casas, construídas sem muita opulência.  O interessante é que ao estudarmos estes relatos vimos que muitas casas eram remanescentes do período inicial da constituição da Vila de N. S. da Conceição do Campo Alegre, pois nos foi relatadas da seguinte forma pelo autor do almanaque “[...] bem pouco sólidas, pelo uso ainda em voga dos antigos e condemnados baldrames de madeira[...]”[4].  Os edifícios que mais se destacavam eram a Matriz de N. S. da Conceição, o edifício da Câmara e Cadeia e a Santa Casa da Misericórdia localizada no bairro do Lavapés, o mais antigo bairro da cidade.
Mas na Resende nos idos da década 70 do século XIX nem tudo eram alegrias pela chegada da ferrovia as navegações foi uma vítima. Achamos no editorial do jornal Astro Rezendense[5] afirmando que era uma realidade a chegada da ferrovia, mesmo porque já se tinha a autorização para se programar um braço da Estrada Dom Pedro II, a Estrada de Ferro de Rezende a Arêas(ou Rezende-Bocaina). E alertava o editorial que a atividade de navegação fluvial empregava trezentos braços e alimentava mil e quinhentos indivíduos e a partir do aparecimento das ferrovias tal atividade estava desaparecendo o que causou um grande golpe nos trabalhadores que o editor chamou de “população fluctuante”. Em outro aspecto o editorial vai mais longe dizendo que Resende era um centro de parada e transito das pessoas que iam e viam da corte para interior e vice versa e que ao findar esta atividade que era complementar na estrutura de transportes fez cessar completamente tal atividade gerando um golpe que o autor classifica como “mortal” para economia da região, gerando do ponto de vista imobiliário queda de aluguel e desvalorização dos imóveis.
Fig.9- Imagem da Estação de Resende Km 190 do Ramal São Paulo da Estrada de Ferro Dom Pedro II. Acervo Digital Biblioteca Nacional.
Dentre os reclames sobre a chegada da ferrovia existe um que publicado em Outubro de 1872 demonstra bem como realmente afetou a economia local. O Major da Guarda Nacional João Baptista Brasiel diz em editorial:
“ É incontestavelmente uma grande alavanca de progresso a communicação dos centros  de producção para o litoral por via férrea;é também uma verdade incontestável que a estrada de ferro de D. Pedro II não tenha trazido ao paiz o beneficio que a lavoura e o commercio tem o direito de esperar de um melhoramento dessa ordem.  Três são as principais questões econômicas que devem ser resolvidas favoravelmente pelo transporte  por uma via férrea :  1ª diminuição do preço do frete; 2ª brevidade no transporte; 3ª bom acondicionamento nos gêneros para não soffrerem avarias ou qualquer deterioramento em suas qualidades.  Teremos conseguido todos estes melhoramentos ou ao menos alguns delles com a via férrea  D. Pedro II? (sic)

Fig.10 - Jornal O Astro Resendense 18772 -Fonte: Arquivo  Histórico  Municipal –Resende-RJ

De outro modo vemos como a ferrovia ajudou a melhorar o transporte da maior riqueza da região, o café, e isto é o que nos diz  a Ata da Câmara Municipal de Resende datada do mês de setembro de 1875.
“Considerando um terço desta exportação pertencente à Província de São Paulo,segue –se que Resende concorria com 2.727.502 Kg . De 1º de janeiro a 30  de setembro último a exportação foi de 2.299.640 Kg , faltando ainda o quarto e o último trimestre com o qual se elevará sem dúvida a 3.000.000 Kg . Atendendo,pois,à área cultivada , ao pessoal empregado na  lavoura e à exportação conhecida,pensa a Comissão que a exportação anual do município deve ser de 8.600.000 Kg pelo menos, sendo toda ela para o mercado da Côrte.”[6]
Não há duvidas que a ferrovia trouxe com todo seu aparato uma nova dinâmica econômica,social e cultural para esta região que por muito tempo foi chamada dos sertões de serra acima lugar ermo de sociedade conservadora tradicional avessa ao progresso que veio através do trem de ferro monumento inquebrável da nova economia que queria mais e mais, que não perde tempo na lentidão bucólica das cargas em lombo de tropas, no romântico transporte fluvial que marcou toda uma época. Agora devemos entender que o café e seus elementos do progresso não deu ao Vale do Paraíba o desenvolvimento econômico, trouxe sim o crescimento econômico enquanto durou os cafezais, entretanto, a ferrovia legado da produção fez a integração de Resende aos grandes centros bem como com todo o Vale do Paraíba.

 Julio Cesar Fidelis Soares[1]



[1] Professor Mestre em História Social, Economista, membro do IEV-Lorena-SP, da Academia Resendense de História e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Professor do Centro Universitário Geraldo Di Biasi – Volta Redonda.RJ 
Referências Bibliográficas:
Arquivo Público de Resende, Fundação Casa de Cultura Macedo Miranda, acervo documentação da Câmara Municipal de Resende.
Jornal Astro Resendense de 15 de junho de 1873.
Jornal Astro Resendense de 13 de Outubro de 1872.
BOPP, Itamar.  Casamentos na Matriz de Resende.  Instituto Genealógico Brasileiro, 1971.
____________. Notas Genealógicas.  São Paulo: Gráfica Sangirardi, 1987.
BURLAMAQUE, F. L. C. Monografia do cafeeiro e do café.  Rio de Janeiro: Tip. N. L. Viana & Filhos, 1860.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 1970.
LINHARES, Maria Yedda (Org.). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
____________. História da agricultura Brasileira: combates e controvérsias. São Paulo: Brasiliense, 1981.
MAIA, João de Azevedo Carneiro. Do descobrimento do Campo Alegre à criação da Vila de Resende. 1891. [Reed.]1986.
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PEREIRA,Waldick. Cana, café & laranja: história econômica de Nova Iguaçu. Rio de Janeiro: FGV/SEEC, 1977.
SODRÉ, Alfredo.  Resende, os cem anos da cidade. 1901.S.ed.
VASCONCELOS, Clodomiro de.  As estradas antigas de transporte de café no Estado do Rio. In: O café no segundo centenário de sua introdução no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1944. V. 2.
VIANA, Oliveira.  Hegemonia do Vale do Paraíba. In: O Café no segundo centenário de sua introdução no Brasil. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1934. V. 2.
WHATELY, Maria Celina. O café em Resende no século XIX. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.
  _________, Maria Celina. Resende, a cultura pioneira do café no Vale do Paraíba. Niterói-RJ: Gráfica La Salle, 2003.
ZALUAR, Emilio.  Peregrinação pela província de São Paulo, 1860-61. São Paulo, 1953.         
Referências telematizadas:
Almanaque Laemmert. 1845-1885.  Brazilian Government Document Digitization Project. Disponível em: <www.crl.edu/content/almanak2.htm>.
http://www.aglimpse.com/images/tr/tr419.jpg BALDWIN LOCOMOTIVE WORKS. Ca. 1870's 5" x 8" albumen image on 7" x 10" mount. Printed text of Baldwin Locomotive Works, Burnham, Parry, Williams & Co. Philadelphia. Broadside view of the "Meteor" of the L.I.R.R. (Long Island R.R.), along with its tender. Beautiful view, slight edge chipping at corners. (Tr.419)acessado em 25/03/12.




[1] Jornal do Commercio 2 de Setembro de 1866, reproduzida pelo Astro Rezendense.
[2] Neste ponto existem discrepâncias  pois segundo o Cel. Alfredo Sodré: “o certo é que em fevereiro de 1873, a primeira locomotiva a Princesa Imperial – alcançava, silvando estrepitosamente, a estação de Resende, em Campos Elíseos”.In : Resende, os cem anos da cidade. Jornalista, Maçon,Coronel da Guarda Nacional, foi editor do jornal “O Tymburibá”, redator do jornal “A Lira”, primeiro prefeito eleito de Resende em 1922,Tabelião do 1º oficio de notas e  Provedor da Santa Casa de  Misericórdia.Condecorado pelo Grão Mestre Geral da Ordem com Medalha de Ouro de Benemérito da Ordem.(é1865U1955).
[3] Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende, p.125.
[4] Idem, Almanak Laemmert, edição 1874, Município de Rezende.
[5] Jornal Astro Resendense de 15 de junho de 1873 ed.Nº.4 Anno VIII - Arquivo Histórico Municipal.
[6] Coleção Atas da Câmara Municipal de Resende- ano 1875- Arquivo Histórico Municipal.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

REFLEXOS DE NARCISA - POETISA DAS NÉVOAS

por Julio Cesar Fidelis Soares[1]
RESUMO
Este artigo é um estudo preliminar sobre a poetisa Narcisa Amália que viveu em Resende, Província do Rio de Janeiro, no século XIX, numa busca do que representou socialmente esta mulher poetisa, abolicionista, espírita e republicana. A análise dos elementos da representação social desta escritora pioneira nos ajudará a entender um pouco mais sobre a história da literatura em Resende bem como da região do Vale do Paraíba Fluminense no período da produção cafeeira e suas interfaces com a sociedade brasileira da época.
Palavras-chave: literatura, história e poesia.
Falar de Narcisa Amália é sempre muito importante para lembrar-nos desta mulher que foi um marco para literatura poética na segunda metade do século XIX na região do Vale do Paraíba Flumimense, mais especificamente em Resende e do ela e sua obra representa para literatura poética e da prosa no ambiente regional, nacional e internacional.
Além de poetisa foi uma das primeiras jornalistas do Brasil[i], Narcisa Amália nasceu em São João da Barra na Província do Rio de Janeiro em 1852.  Em 1863 aos 11 anos veio para Resende onde seu pai, Joaquim Jacome de Oliveira Campos, fez residência e fundou quando chegou,  dois colégios – um para meninos, dirigido por ele  e outro para meninas, dirigido por sua mulher Narcisa Ignácia Pereira de Mendonça, que era professora.  Mais tarde Narcisa Amália teria aí seu primeiro emprego.  A contribuição de  seus  pais para a vida cultural da cidade  foi tão importante que D.Pedro II resolveu agraciar o Professor Jácome de Campos com a comenda Ordem da Rosa, quando de sua visita a Resende, em 1874.
                        Narcisa foi criada num ambiente liberal, o que marcaria toda sua obra – tanto na poesia quanto na prosa, destacadamente nos seus artigos na imprensa. Criticava  violentamente em seus artigos  a escravidão que ainda imperava no Brasil , escrevendo também a favor da instauração da República.  Por suas posições intrépidas e arrojadas, inclusive denunciando a situação de inferioridade em que vivia a mulher brasileira, mostrando-se pioneira também no feminismo, Narcisa foi alvo de críticas da sociedade resendense conservadora, católica, monarquista, escravocrata e machista.
Publicou artigos como “A emancipação da mulher” e “A mulher no século XX” obras muito a frente do tempo para o entendimento do público da época. Quem nos descreve a figura física de Narcisa foi o historiador Resendense Arthur de Almeida Torre que nos relata:
“Tinha um corpo delicado e cintura fina, perfil clássico de andaluza,olhos grandes e expressivos, que pareciam sempre mergulhados em meditação ;lábios ligeiramente carnudos e bem torneados,onde,no dizer do poeta , um beijo flutuava eternamente; cabelos fartos,que rolavam em ondas sobre  os ombros de linhas suaves como um vistoso manto de topázio;mãos cetinosas  e espirituais,tão pequenas, tão claras e tão delicadas,que igual,no mármore,Fídias por certo não talhara...”[ii]

No ano de 1866 casa-se aos 14 anos com João Batista da Silveira, de família resendense, quatro anos mais velho que ela, mas o matrimônio durou apenas quatro anos, foi na verdade um fracasso e o marido a abandonou, deixando também a cidade de Resende.
Resende a época de Narcisa
A Resende dos anos 60 do século XIX era uma cidade pujante do ponto de vista econômico e social.  Pois na década de 50 do século XIX mais precisamente no ano de 1854 a produção do Vale fluminense era de 7.988.551 arrobas, superando a produção do Vale paulista que chegava a monta de 2.737.639 arrobas.  No entanto, apesar de toda essa euforia cafeicultora, a região de Resende nunca ocupará o lugar de maior produtora de café da província do Rio de Janeiro. A Cidade de Resende foi grande centro produtor, mas não o maior. Mesmo que no início do século XIX seja Resende o centro irradiador do café, espalhando-o por todo o Vale do Paraíba, será Vassouras, Valença, Paraíba do Sul, Barra Mansa e Piraí que possuirão as maiores fazendas e também a maior produção. Um dado bem interessante buscado no Almanaque Laemmert da década 1860, nos informa que em Resende o café era produzido em quatro freguesias, por 510 a 560 fazendeiros e lavradores, em Vassouras 82 fazendeiros, 62 em Barra Mansa e 54 fazendeiros em Valença. O que nos faz intuir que tal quantidade de propriedades para região de Resende dá indícios da importância específica da pequena e média propriedade cafeicultora na dinâmica econômica da região, bem como sua coexistência com as grandes propriedades monocultoras de café com seus planteis numerosos de braços escravos. No início da década de 1870 chama-nos a atenção uma declaração que corrobora com nossas pesquisas é o registro de atas da Câmara Municipal de Resende em 1873:
 “... no Município de Resende há mui poucos grandes lavradores, é talvez o Município da Província do Rio de Janeiro onde  propriedade  territorial se acha mais bem dividida e, por consequência , onde se encontra maior número de pequenos produtores...” 

fig.1 Bairro Lavapés onde morava Narcisa Amália no século XIX.

Em Agosto de 1870 Narcisa começou a publicar no Jornal O Astro Resendense, na formatação de folhetim, capítulos da obra do escritor françês Gaston de Saporta[iii], denominada Reveu des Deux Mondes.  Tradução transformada em livro que deu projeção em nível nacional a nossa escritora.
Em 1872 estimulada pelo pai traduziu e publicou um folhetim no jornal Astro Resendense, tendo também colaborado em outras publicações como O Pirilampo, jornal literário que passou a ser integralmente redigido por ela com o pseudônimo Narandiba[iv] ( de origem tupi, significa laranjal). Entre 1870 e 1872 publica suas poesias em vários jornais do Rio e São Paulo. Em novembro de 1872 publicava seu livro de poesias – Nebulosas, pela mais  famosa editora da época, a  Garnier, com prefacio do poeta resendense  Ezequiel Freire[v] que, segundo alguns, teria sido seu amante,situação que ao nosso ver não achamos evidência nem registros que possa dar guarida a tal afirmação. Mais tarde ela faria o prefacio de seu  livro – Flores do Campo.
  A poesia de Narcisa , em Nebulosas,  foi recebida com aplausos pela crítica literária. João Oscar, um de seus biógrafos, escreveu: “...nos mais diversos setores da cultura nacional , o assunto de repente se tornou um só: a bela e talentosa Narcisa Amália e sua obra.”  Pessanha Póvoa fez do prefácio de Nebulosas e em um dos trechos disse:
“Eu peço que Julguem o livro de N. Amália,livro que ilumina a grande noite da poesia brasileira.Quando houver um Conselho de Estado ou um Senado Literário ,Narcisa Amália terá as honras de Princesa das Letras.”

Em umas das suas tantas visita a Resende houve uma grande surpresa o Imperador Dom Pedro II demostrou desejo de ir cumprimentar a poetisa, cuja obra já conhecia e admirava. Segundo conta-se que um dos munícipes que cortejava o Imperador,o questionou mui respeitosamente quanto ao desejo S.M., disse-lhe que Narcisa Amália residia numa padaria,de cujo proprietário era esposa. O Imperador retrucou sem se importar : - Lá por isto,não ;não dilatemos a visita,vamos sem perda de tempo,porque enfim eu vou visitar a sublime padeira,por estar ansioso por lhe provar ... do pão espiritual. E o cortejo se fez com Imperador a frente desfilando pelas ruas de Resende até a Rua da Misericórdia encontra Narcisa[vi].
Fagundes Varela dedica a ela a poesia cujo título  deu “Tributo de Admiração- O Gênio e a Beleza”, José do Patrocínio[vii] dedica a poesia “ Á Narcisa Amália”, já Raimundo Correia dedica-lhe “Poema da Noite”, Machado de Assis em sua coluna de crônicas com título “A nova geração”,na Revista Brasileira de 1879: “D.Narcisa Amália,essa jovem e bela poetisa,que há alguns anos aguçou nossa curiosidade com um livro de versos e recolheu-se depois à turris erbunea da vida domestica.” em fim todos fizeram elogios de peso à poetisa. 
                               fig.2 - Nicolau Fagundes Varella um dos grandes entusiastas da obra de Narcisa.

Regionalmente destacamos a crítica feita em 9 de fevereiro de 1873,publicada no jornal Pindamonhangabense que assim faz seu comentário “ Nebulosas é o título do livro de poesias que vem publicar a nossa distinta e inteligente colaboradora, a exma.Srª Narcisa Amália. É já por demais conhecido dos nossos leitores e,sobretudo,das leitoras,o nome desta ilustre poetisa,que faz honra e glória ao sexo a que pertence...”, em Resende o poeta e abolicionista Otaviano Hudson escreve no Astro Resendense em 23 de março de 1873, “ A mulher que se libra nas esferas do ideal,tem na fronte resplendente a auréola gloriosa que o Criador concede aos gênios. Narcisa Amália faz parte dessa falange.” Internacionalmente recebe críticas oriundas de Portugal de Rangel de Lima publicada na Revista Artes e Letras de Lisboa em 1873,no mesmo ano Julio Cesar Machado faz elogio no Diário Ilustrado de Lisboa, o crítico literário Luciano Cordeiro em sua obra Estros e Palcos em 1874 faz a menção a Narcisa do qual extraímos o seguinte trecho “ Longa vai já esta notícia de um livro e uma poetisa incontestávelmente notável. Talento vigoroso,brilhante,flexível , afirma-se por maneira que não pode contestar-lhe um dos primeiros lugares na literatura de cá(Portugal)”. Já em 1878 a escritora Portuguesa Guiomar Torrezão no Almanaque das Senhoras, editado em Lisboa faz-lhe extenso elogios.
                        Em 1880, aos 28 anos, ela casou-se , pela segunda vez, com Francisco Cleto da Rocha, proprietário da Padaria das Familias, no bairro do  Lavapés. Novamente experiência amorosa malograda que durou apenas sete anos.   O sucesso de Narcisa passou a incomodar o marido que, depois de separado, passou a difamar Narcisa declarando que seus versos não eram de sua autoria, mas escritos por poetas com quem teria tido casos de amor[viii]. O escritor Múcio Teixeira[ix] fez côro à campanha contra Narcisa declarando que Nebulosas tinha sido escrito por um homem com pseudônimo de mulher. Desgostosa, a poetisa desabafa num de seus versos: ”Meu nome atirei às ventanias....” Em outra ocasião, indignada com as críticas recebidas por não se dedicar “aos cestos de costura” , como diziam na época, escreve:” Quando tento liberar-me no espaço/ As rajadas em tétrico abraço/ Me arremessam a frase – Mulher!”
Desiludida com o clima que se formara à sua volta decide mudar-se para Rio de Janeiro onde passa, a partir de 1889, a lecionar numa escola pública, indo morar em São Cristóvão. Narcisa assistiria à proclamação da República, tema de tantos de seus artigos, mas já não tinha mais ânimo para a vida política. Afastou-se totalmente do meio literário e deixou de escrever, abandonando a poesia. Passou a morar com um casal de amigos no Rio Comprido onde, a 24 de julho de 1924 morria, paralítica e cega. A cidade de Resende prestou-lhe uma homenagem dando seu nome a uma das ruas do bairro Manejo.  Pouco mais de vinte anos depois, em 1948, o nome de Narcisa Amália era resgatado com a publicação de uma biografia sua feita por Antonio Simões dos Reis que buscou, inclusive, o testemunho do jornalista Alfredo Sodré[x] que lhe contou ter mais de uma vez visto Narcisa escrevendo seus versos. E ninguém mais duvidou da autoria de Nebulosas  livro marcante Narcisa Amália que do ponto de vista literário foi analisado recentemente na obra Chistina Ramalho - Um Espelho Para Narcisa: Reflexos de Uma Voz Romântica,  livro este que tem o mérito, entre outros, de resgatar através de rigoroso estudo crítico da autora , a obra de Narcisa como grande poetisa que foi e expoente da literatura nacional e do Vale do Paraíba no século XIX.
Referências Bibliográficas:
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BOPP, Itamar. Quatro personagens de Resende. Resende: [s. n.] 1985.
BROCA, Brito. Românticos, pré-românticos, ultra-românticos. São Paulo: Polis; Brasília: INL, 1979.
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COSTA, Afonso. Poetas de outro sexo. Rio de Janeiro: [s.n.] 1930.
DANTAS, Mercedes. "A precursora do feminismo no Brasil". Revista da Semana. Rio de Janeiro, 30 mar. 1929.
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[1] Mestre em História Social, Docente do Centro Universitário Geraldo Di Biasi,Volta Redonda e Barra do Piraí,das Faculdades Integradas Teresa D´Ávila,grupo Unisal,Lorena-SP,docente da FAETEC-CETEP –RESENDE-RJ. Vice-presidente do Instituto de Estudo Vale Paraibanos,Vice-Presidente da Academia Resendense de História, acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.



[i] Segundo estudos de João Oscar fundamentados nas opiniões de Arthur A.Torres,Marcello e Cybele de Ipanema in Imprensa Fluminense,Ensaios e trajetos,Rios de Janeiro:Inst.de Comunicação Ipanema,1984.
[ii] Athur Almeida Torres in Oscar,João.op.cit p.32
[iii] Louis Charles Joseph Gaston de Saporta, nascido em Saint-Zacharie (Var) 28 de julho de 1823 e morreu em Aix-en-Provence, 26 de janeiro de 1895, é um palaeobotanico francês. Ela mostra a transformação de espécies de plantas em diferentes épocas.
[iv] Lembramos que neste período do século XIX existia uma tendência dos literatos a buscar influências na cultura indígena brasileira como resgate segundo eles as raízes da terra.
[v] José Ezequiel Freire de Lima,nascido em Resende, na freguesia de Bom Jesus de Sant´Anna dos Tocos em 10 de abril de 1849. Faleceu  em Caçapava, província de São Paulo em 14 de novembro de 1891. Rezende, no século passado, foi um viveiro de espíritos de larga envergadura, tais como Raul Pompéia, Luiz Pistarini, Martins Junior e, dentre os mais ilustres Ezequiel Freire, que apesar de sua breve existência, exerceu grande influência no pensamento brasileiro de seu tempo e deixou profundamente assinalada a sua personalidade literária, social e política.
Foi um autêntico e espontâneo poeta e um escritor de aptidões multiformes. Mas tanto no verso, como na prosa, manifestou um profundo senso de nosso meio e intrépido amor às nossas realidades. Rompendo com a obra de imaginação do romantismo e do lirismo, que dominavam em seus dias, ele embebeu-se no seio de nossa terra e de nossa gente e colocou, no fundo de todas as suas produções, temas e motivos nacionalistas, integrando-se nos problemas ambientes, neles tomando posição definida e própria e combatendo pelos seus ideais através de suas crônicas, de seus contos, de seus artigos de doutrina, de sua crítica e de seus versos. O "Correio Paulistano" foi o órgão de imprensa que mais assiduamente e demoradamente exerceu a sua atividade, como o brilho de seu estilo fluente e escorreito. Escreveu também para a "Província de São Paulo", para o "Diário Popular", em São Paulo, e para a "Gazeta de Notícias" e outros grandes órgãos, no Rio.fonte: http://bndigital.bn.br/projetos/redememoria/bio-ezequielfreire.html
[vi] In A imprensa ,Juiz de Fora ,MG,1921 nºII;e Jornal do Commércio ,22.09.1948.
[vii] Interessante é que José do Patrocínio o “Tigre da Abolição”viveu em Resende quando teve uma farmácia a Rua Direita denominada “Pharmacia Independência” e portanto é provável que tenha conhecido pessoalmente e até convivido com Narcisa pois ambos lutavam pela abolição da escravatura.
[viii] A escritora Christina Ramalho em sua obra Um Espelho Para Narcisa: Reflexos de Uma Voz Romântica corrobora tal fato.
[ix] Múcio Scervola Lopes Teixeira nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e faleceu no Rio de Janeiro. Foi poeta, folclorista, jornalista,moralista, memorialista, etnógrafo, formado em medicina na Bélgica.Obra: Curso de Literatura Brasileira (1876), Cantos do Equador (Poesia, 1881), Pátria Selvagem (1884), Cancioneiro Cigano (1885), Festas Populares do Brasil (1886), Os Ciganos no Brasil (1886), Parnaso Brasileiro (antologia, 1885).
[x] Cel.Guarda Nacional Alfredo Sodré,Jornalista,articulista,membro da Loja Maçônica Lealdade e Brio que ajudou a fundar,foi editor do Almanack Resende, os cem anos da cidade.S[ed}1901.