Ao 166º aniversário de Elevação da Vila de Resende a Cidade
Julio
Cesar Fidelis Soares[1]
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Resumo
Ao lembrar da passagem dos 166 anos de
Elevação da Vila de Resende a Cidade é que resolvemos escrever este texto, no
qual relato de forma memorialista alguns fatos da história de Resende e ao
final reflito um pouco sobre a realidade da industrialização que voltou os
focos da mídia econômica para a cidade desprezando toda uma história de nossa
região que ainda é e será importante para história econômica do Brasil e da
Região Sul Fluminense.
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A História do município Resende perpassa por vários episódios da História
do Brasil; pois Resende é marco zero de um dos ciclos econômicos mais
importantes do processo de formação econômica de nosso país. Nossa cidade é
pioneira na produção de Café para fins econômicos, foi berço da expansão
econômica dessa cultura para as províncias de São Paulo, mais diretamente para a
vizinha cidade de Bananal, a outras regiões de própria província do Rio de
Janeiro e sul de Minas e a zona da mata mineira. Oliveira Viana enfatiza muito
este fato com relação à Resende da seguinte forma:
“ Há a diretriz de Rezende, donde se
originam as grandes culturas do Vale do Paraíba, mata mineira e dos chapadões
paulistas. É ,pois, em território fluminense que a cultura do cafeeiro faz sua
pioneiras experiências, dá as suas primeiras provas de vitalidade e lucratividade
, organiza-se , e prepara-se para conquista dos grande plateaux do interior . O
êxito inicial dos primeiras tentativas no nosso território , principalmente no
foco de Rezende, exerceu certamente sobre o destino da grande cultura uma
influência decisiva : tivesse sido negativa a experiência – e talvez fosse
outro destino do café nas nossas regiões meridionais.”[2]
Hoje, novamente, somos centro de
confluência das atividades econômicas de mais relevante monta para a região
sudeste, Resende é importante pólo de Industrialização. O que é isso? Isso mais
uma vez é fazer história. Resende é e sempre foi importante para o processo de
formação econômica do Brasil, seja como ponto inicial de abastecimento da
capital do Brasil Colonial, seja depois como líder do grupo de cidades que
fizeram parte da Civilização Cafeeira chegando a se cogitar, no final da
segunda década do século XIX, a ser capital de uma nova província que se chamaria
“Província de Resende”, conforme registro em 4 de Agosto de 1829, Câmara Municipal
de Resende livro de Ata.
Àqueles que assistem a essa comemoração faz todo sentido do mundo neste
momento lembrarmos do trecho do poeta Luiz Pistarini no hino à Resende “ ...
terra de artista, poetas e heróis...”. Falar de Resende é falar do Brasil, pois
para cá vieram brasileiros dos mais longínquos rincões de nossa pátria,
paulistas, mineiros, gaúchos, baianos e tantos outros.
E isso é tão verdade que, a partir de 1944,
quando da vinda da Escola Militar para Resende isto ficou mais forte, pois ao
longo dos seus 70 anos de existência em nossa cidade cada oficial formado em
seus umbrais leva muito dos ideais do Marechal José Pessoa Cavalcanti em querer
que cada um que passasse por nossa terra levasse a fortaleza de formação
simbolizada pelo imponente maciço de Agulhas Negras. Elemento simbólico este que
acabou ficando como marca da Academia Militar e dando-lhe nome.
Nossa Resende
participou e participa através de seus filhos de diversos eventos de
importância para História de nossa Pátria e cito alguns movimentos: o de
independência do Brasil até o dia de sua Proclamação, Revolução Liberal, Guerra
do Paraguai, Abolição da Escravatura, República, Revolução de 1930, Revolução
de 1932, Revolução de 1964 e outro tanto fatos.
A elevação de Resende a cidade
Segundo o célebre historiador
Resendense Dr.João Maia, a elevação se deu da seguinte forma :
“Foi a vila de Resende elevada à categoria de cidade
por decreto nº 438, de 13 de julho de 1848, tendo lugar a sua inauguração aos
27 de agosto do mesmo ano nos paços da câmara municipal, incorporada para esse
fim, e com assistência das autoridades locais, das pessoas mais gradas e de
numeroso concurso de povo. Teve princípio a solenidade pela leitura do decreto,
seguida de uma alocução breve mas expressiva, feita pelo presidente da câmara,
Dr. Pedro Ramos da Silva. Assistiram a esse ato, por parte da câmara de Barra
Mansa seu presidente Manuel Carlos de Barros e os vereadores João Antônio
Basques, José Marcondes de Toledo e Domingos Rodrigues Viana. Terminou a cerimônia
com um Te-Deum celebrado em ação de graças na igreja matriz, pregando ao
púlpito o reverendo Padre José Álvares Leite, residente na vila de Areias,
seguindo-se, à noite, uma brilhante iluminação na frente do edifício municipal
e mais festividades em testemunho de público regozijo. Com o cidadão Manuel
Gonçalves da Rocha e outros, coube-nos (Dr.João Maia) o prazer de fazermos
parte da comissão encarregada de promover todas as cerimônias e festejos da
ocasião.
A ata ou termo de inauguração acha-se lançada
em um livro antigo da câmara, o mesmo em que havia sido escrito o auto da
criação da vila, em 1801.”
Da Resende do século XIX pouca coisa resta, pois não soubemos cultuar e
preservar o passado sabendo que ele nos ensina muito. Tal qual o café temos o
sentimento que a indústria automotiva tem demanda passageira em termos de
história econômica, pois como nuvens de gafanhotos são certas atividades
econômicas, saceadas suas vontades abandonam determinadas áreas e correm para
outras. E assim ocorreu com este seguimento industrial em outras partes de
nosso país e no exterior, ainda mais que o grau de automação os livram cada vez
mais de um efetivo humano grande. Para alguns pode ser muito tempo para que tal
fenômeno ocorra, mais para a História Econômica representam um curto período
que afetam as regiões com causas e conseqüência muitas vezes irreversíveis do
ponto de vista social e econômico. Fato é que hoje Resende é uma cidade
industrial, mesmo que vivamos numa era pós-industrial. O mundo desenvolvido vive
a era do Conhecimento, a produção intelectual vale mais que a produção material
agora deixada para os países “em Desenvolvimento” seja lá o que isso
signifique; pois na verdade o que ocorre em termos econômicos são países
subdesenvolvidos nos mais diversos graus e países desenvolvidos também com grau
de desenvolvimento díspares, ou seja, para resumir pobres e ricos.
Bibliografia
Fontes Primárias
Relatório do presidente da província do Rio de Janeiro, o
doutor Luiz Pedreira do Coutto Ferraz, na abertura da 2.a sessão da 7.a
legislatura da Assembléia Provincial, no dia 1.o de março de 1849, acompanhado
do orçamento da receita e despesa para o anno financeiro de 1849 a 1850. Rio de Janeiro,
Typ. do Diario, de N.L. Vianna, 1849. 779
BN .
Almanack administrativo
Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de Janeiro para o Anno de
1847.
Almanack
administrativo Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de
Janeiro para o Anno de 1848.
Almanack
administrativo Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de
Janeiro para o Anno de 1849.
MAIA, João de Azevedo Carneiro. Do descobrimento do Campo
Alegre até a criação da Vila de Resende. 2. ed. Resende, 1886.
OLIVEIRA ,Viana ; “Distribuição Geográfica do Cafeeiro no
Estado do Rio”, in “O Café no 2º centenário de sua introdução no Brasil . Rio
de Janeiro: Ed.do Departamento Nacional do Café, 1934 Vol .I pág. 80.
[1] Mestre em História Social ,
Professor Universitário –Resende-RJ, da UGB Volta Redonda –
Membro da Academia Resendense de História e da Academia de História Militar e
Terrestre do Brasil.
[2] Oliveira ,Viana ; “Distribuição Geográfica do Cafeeiro
no Estado do Rio”, in “O Café no 2º Centernário de sua introdução no Brasil
- Ed- do Departamento Nacional do Café –
Rio de Janeiro , 1934 Vol .I