domingo, 11 de janeiro de 2015

Revendo um pouco da História de Porto Real



Por  Julio Cesar Fidelis Soares
 
A História de Porto Real inicia-se como parte da Freguesia de São Vicente Ferrer, atual distrito de Fumaça, freguesia habitada pelos índios Puris ao tempo do Aldeamento de São Luiz Beltrão. Já em 1800 temos as primeiras notas sobre as terras de Jose de Souza Marques. Jose de Souza Marques era oficial do Corpo de Ordenanças de Malta que em 1799 tinha como comandante o Capitão-mor Jose de Mota Pereira do qual ele era Ajudante, registro este feito na lista de pessoas empregadas na Administração Pública da Capital do Vice-Reino do Brasil sob o governo de Dom Jose Luiz de Castro, Conde de Resende e Vice-Rei do Brasil.


Fig.1 - Conde Jose Luiz de Castro,Vice-Rei do Brasil e segundo Conde de Resende.


    Na passagem do século XVIII para o início do século XIX o Coronel de infantaria Joaquim Xavier Curado era responsável pela distribuição de sesmarias na região de Campo Alegre da Paraíba Nova e é bem provável que as terra denominada de Minhocal ter sido ofertada ao Ajudante Jose de Souza Marques neste contexto histórico de distribuições sesmarias para colonização de nossa região após o apaziguamento dos índios Puris e sua transferência ao Aldeamento de São Luiz Beltrão.




Fig.2 - Conde Edward Pellew Wilson II


Em 1822 estas terras entraram em disputa entre os herdeiros e proprietários vizinhos; para resolução do impasse buscou-se a intervenção da Coroa na figura do Imperador Dom Pedro I, dando como vencedores os herdeiros, estes em agradecimento ao monarca doam partes das terras recebidas a Coroa, terras estas a margem direita do Rio Paraíba que a época já era conhecida pelo seu pequeno porto de embarque e desembarque uma vez que o transporte fluvial era uma das alternativas para diminuir parte do longo trajeto entre a Corte e São Paulo. Em 1874, em um contexto de colonização com europeus, sobretudo de países que em crise socioeconômicas, é que se se funda o núcleo Colonial de Porto Real com a ideia de trazer colonos italianos. Depois loteada e distribuída a 80 famílias de imigrantes italianos.

     O interessante é notarmos que a esta época um amigo do Imperador, Edward Pellew Wilson, que era chamado de “O Rei do Carvão”, detinha o título de Cônsul Honorário da Itália, Cavaleiro da Casa Real de Portugal, Cavaleiro da Ordem de São Maurício e São Lázaro, da Casa Real de Savoia da qual era oriunda a Imperatriz Tereza Cristina, tenha tido nesta porção de terras de Resende uma bela casa da qual tinha especial carinho, pois guardava nela uma belíssima coleção de armas. Esta residência fazia parte de um de seus investimentos na região de Porto Real como já era denominada, cujo nome ficou perpetuado no Engenho Central de Porto Real.


Fig.3  O engenho de açúcar de Porto Real fundado no século XIX.
fonte foto:http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/acucareira-porto-real


Assim é bem provável que este núcleo Colonial com sua importância por que foi a primeira colônia italiana no Brasil tenha sido intermediado pelo futuro Conde de Wilson, título recebido em 1891 da Corte Portuguesa. Este núcleo Colonial, segundo diz o imaginário do povo, era visitado com boa constância por membros da família Real, inclusive o próprio Imperador Dom Pedro II, relato que até o momento não achamos registros ou fontes. E tal fato era sempre motivo de costumeiras festas, aliás, um hábito constante entre os colonos italianos ao longo de seu processo de instalação em seus núcleos imigratórios.
Segundo o historiador Pedro Braille Netto, em 1878 o Conde D’Eu esposo da Princesa Isabel esteve visitando a Colônia e lhe foi solicitado à construção de um Engenho de Açúcar e Aguardente, de modo que fosse aproveitada melhor a produção canavieira e é aí que entra o Conde Wilson com o seu Engenho Central de Porto Real, ele era um homem de extrema capacidade nos negócios e é provável que sendo um amigo íntimo da Casa Real e proprietário de terras em nossa região que ele tenha atendido a esta solicitação da família nesta e noutra empreitada de intermediar a vinda de imigrantes italianos ao país, usando de sua influência, como dissemos, pois ele era Cônsul Honorário da Itália. A solicitação da construção de um engenho foi atendida em 1880 com grande festa de inauguração. A região progrediu, tanto que em 1891 Porto Real foi elevada à categoria de 7º Distrito do Município de Resende.
O aumento da produção de açúcar levou à construção de uma ferrovia para transportar a cana, inaugurada em 1898 pelo Comendador Edward Pellew Wilson III, filho do Conde Wilson, que era o segundo proprietário do Engenho Central, hoje Companhia União Agrícola.



Referências Bibliográficas:
Guia de Forasteros para el Año de 1867, página 102; Estado General de la Armada para el Año de 1863, página 248, Madrid, Impressa Nacional, 1862; Websites: www.geneall.net

Louise H. Guenther. In: Centre for Brazilian Studies, University of Oxford. British merchants in nineteenth-century Brazil: business, culture, and identity in Bahia, 1808-50 (em inglês). [S.l.: s.n.], 2004. p. 211

Marques,Jose de Souza, Ajudante docvirt.com/docreader.net/WebIndex/WIPagina/Anais_BN.../13168

Sabóia,Patrícia, a Saga dos Wilsons. Editora Desiderata, 2005 



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