sábado, 22 de fevereiro de 2014

Refletindo sobre 1964 frente a atual realidade brasileira

Por Julio Cesar Fidelis Soares[1]
Os anos que antecederam o golpe de Estado em 1964 no Brasil, 1930 e sua revolução, a Intentona ou Revolta Vermelha de 1935, o Golpe de Estado de 1937,Golpe de Estado em 1945 foram todos marcados por momentos políticos turbulentos que contribuíram para a efetivação de articulações e conspirações que inspiraram os que tramavam a derrubada do presidente João Goulart, visto como solução para o fim das crises econômicas, políticas e sociais que aconteciam sucessivamente no país. Nesse período, a sociedade se dividia entre as propostas da esquerda e da direita (tempo perdido, o que vale e ser Brasileiro e honesto), mundo político era dicotômico, bem e mal, pensamentos em vigor no debate político à época principalmente nos idos de 1964. Assim, analisaremos maneira breve as circunstâncias que forjaram um ambiente favorável a civis e militares identificados que comungavam o interesse comum de substituição do poder vigente através da tomada do controle do Estado brasileiro. Para tanto prezado leitor devemos buscar o significado da palavra revolução, que segundo os cientistas políticos não dogmáticos, pode ter dois significados: uma evolução no sistema de produção, ou seja, uma transformação que atinge socialmente, economicamente e politicamente a sociedade. Podemos dar como exemplo a Revolução Industrial (Séculos XVIII, XIX, XX),hoje neste século vivemos a era pós-industrial,já naqueles séculos que citamos ocorreram uma série de avanços nos sistemas de produção de mercadorias com advento das máquinas e suas produções em escala. De outro modo Revolução pode significar uma mudança radical, imediata, violenta como a Revolução Francesa, que teve efeitos imediatos como já sabemos e levou seus efeitos para além de seu século, acabou influenciando as áreas sociais, econômicas e políticas não só na Europa, mas com efeitos para todo o mundo.
Também podemos falar em Golpe de Estado que é derrubar “ilegalmente” um governo constitucionalmente “legítimo”, ponho entre aspas porque é difícil dizer o que é legítimo e ilegítimo na dinâmica política brasileira. Os golpes de estado podem ser violentos ou não, e podem corresponder aos interesses da maioria ou de uma minoria, embora este tipo de ações normalmente só triunfa quando tem apoio popular,enganos ou não.
Tal situação pode consistir simplesmente na aprovação por parte de um órgão de soberania de um diploma que revogue a constituição e que confira todos os poderes do estado a uma só pessoa (caso de Vargas em 1937, Estado Novo) ou organização (ascensão do Partido Nazista em 1933, Alemanha), ou também um golpe militar, em que unidades das forças armadas ou de um exército popular conquistam alguns lugares estratégicos do poder político para assim forçar a rendição do governo.
Quem podeira imaginar que Deodoro seria o líder do golpe que derrubou o Império?
Bem continuando em nosso tema para ser considerado golpe de Estado, não necessariamente o governante que assumiu o poder pela força tem quer ser militar, como aconteceu no Brasil de 1964. Chamamos de golpe porque se caracteriza por uma ruptura institucional repentina, contrariando a normalidade da lei e da ordem e submetendo o controle do Estado a pessoas que não haviam sido legalmente designadas, seja através de eleição, hereditariedade ou outro processo de transição.  No modelo mais comum de golpes, as forças rebeladas cercam ou tomam de assalto à sede do governo, muitas vezes expulsando, prendendo os representantes do poder, lembro ao leitor da Proclamação da República, Revolução de 1930, do Golpe de 1945 e de 1964, existe casos de execução dos membros do governo deposto. Nestes 50 anos após o movimento sócio-político-militar de 1964, sabemos que aquilo que se consolidou como História é imutável, não adianta comissões da “verdade”, pois comissão por comissão vejam no que deu no mundo religioso as tentativas de acusação dos judeus ou dos romanos,por causa do jovem carpinteiro de Nazaré, “templo é dinheiro”. 

  No mundo político a situação é a mesma seja o regime que for, nesse nosso regime atual de “Gangsterismo de Estado” também  não há de acontecer nada, e não adiantará formar comissão da verdade para saber onde está o dinheiro da República Nova de Sarney,Collor,Fernando Henrique,Luiz Inácio, Dilma e sei lá mais quem que a resposta todos sabem popularmente “...o gato comeu e ninguém viu... exceto o Zé,o Dirceu e o Delubio”. Vejam somente morreram ao longo deste tempo uma imensidão de brasileiros segundo o Mapa da Violência 2013 - Mortes por Armas de Fogo, divulgado ano passado informa que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010. O número é superior aos 36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto. Não quero aqui justificar violências ou mortes num ou noutro regime, não adianta procuramos ossadas com doutores vocacionados para exumadores ou arqueólogos com diárias e pagamentos altos.  Devemos é perguntar que diabos é esta tal de estabilidade social, que somente os assassinatos entre 2004 e 2007 superaram as mortes em guerras do período no mundo.
  


E  por fim observarmos que talvez este clima de guerra social-urbana seja bom para ganhar dinheiro seja na mídia seja nos postos públicos de governo em todos os níveis ou mesmo sendo empreendedor, como esta na moda do neoliberalismo, montando uma rede de funerária com bolsa caixão/sepultura. Está certo que se conquistaram muitas coisas materiais, tanto nas obras dos governos de 1964 bem como nos benefícios e bolsas dos governos mais atuais, mas um país se faz com gente, e gente viva, saudável, educada e de resto tudo é consequência. Hoje não adianta ficar perguntando quem mata mais Raid ...ou Rodox matou mais ... fato é que sem independência econômica e cultural, a autodeterminação permanece comprometida, revelando se apenas formal, superficial, aparente, ilusória. Sem mudanças estruturais, pesam sobre o país, politicamente “independente”, as marcas de dependência econômica e cultural inculcada através da ideologia do colonialismo e do neocolonialismo, em que a sociedade brasileira permanece mergulhada.
 E é do passado que ecoa em nossos ouvidos o famoso brado retumbante que infelizmente para muitos soa como apenas um bordão de livro de História e que ouso regatá-lo agora: “Independência ou Morte”, Brasil.
Muito embora, vários brasileiros por conta de gerações e gerações de governos, sejam eles civis ou militares, foram ou são  totalmente dependentes da política e dos capitais estrangeiros encontrem mais cedo do que deviam a morte e somente encontrarão a independência via ela mesma, se morte for sinônimo de liberdade como alguma correntes religiosas acreditam num ato de apaziguamento da realidade social.  Temos mesmo é que se indignar com tudo isto de hoje, e entendermos que não há como mudar o passado, mas podemos ser agentes de um Brasil novo descente, que valorize sua cultura, história e acima de tudo a população que sente que somente viemos trocando o nome da canga, mas os bois continuam os mesmos... Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz ... Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz(Zê Ramalho – em Admirável Gado Novo).
Entendo que neste jogo de Poder deu 5 X 5, o povo não ganhou e pelo visto nunca ganhará, pois foram dez cabeças, dez formas de destinos, agora 50 anos depois querer mudar o resultado do primeiro tempo perdido é demais...até porque não temos mais chefes militares para enfrentarem o time do “Gangsterismo de Estado”.  Enquanto isto fica mesmo a vontade das honras militares de Estado da turma de Resende a Excelentíssima.







[1] Professor universitário UGB de Volta Redonda-RJ,CETEP–FAETEC Resende-RJ,Mestre em História Social,Economista,membro da Academia Resendense de História,da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto de Estudos Valeparaibanos-SP 

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